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Olhar Olímpico

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COB planeja orçamento acima de R$ 500 milhões pela primeira vez

Paulo Wanderley Teixeira, presidente do COB - William Lucas/COB
Paulo Wanderley Teixeira, presidente do COB Imagem: William Lucas/COB

16/12/2022 04h00

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) vota nesta sexta-feira (16) a proposta de orçamento para 2023 com um aumento expressivo nas despesas na comparação com anos anteriores. Pela primeira vez, a entidade pretende gastar mais de R$ 500 milhões em um único ano.

A proposta de orçamento apresentada à assembleia geral que se reúne hoje no Rio, e que tende a ser aprovada sem maiores dores de cabeça, prevê uma arrecadação recorde, de R$ 428 milhões, sendo R$ 395 milhões somente das Loterias. A despesa prevista é bem maior: R$ 504 milhões, o que significa um déficit de 76 milhões.

De acordo com a diretoria, o COB tem mais de R$ 200 milhões contingenciados das Loterias. São valores que o comitê recebeu da Caixa nos últimos anos, mas não gastou. A ideia é gastar R$ 91 milhões dessa poupança em 2023, e o restante manter contingenciado para o caso de uma interrupção de repasses. Só em processos ligados ao Pan de 2007 o COB é cobrado em mais de R$ 180 milhões.

Dinheiro das apostas

Em 2022, o COB subdimensionou a arrecadação vinda das Loterias. Depois de receber R$ 290 milhões em 2020 e R$ 315 milhões em 2021, o comitê projetou que, em 2022, teria R$ 305 milhões dessa fonte. Mas o montante já foi ultrapassado em outubro.

Considerando que dezembro é, historicamente, o melhor mês do ano, por causa da Mega Sena da Virada, a atual projeção é de a arrecadação passar de R$ 387 milhões em 2022, 27% acima do previsto.

Para o penúltimo ano do ciclo olímpico, o COB aposta que a arrecadação das Loterias vai continuar em alta, rendendo R$ 395 milhões para o comitê em 2023. E, mesmo assim, planeja gastar R$ 486 milhões só desta fonte, aumentando em mais de 20% o repasse às confederações.

Pela primeira vez, o montante prometido às confederações supera R$ 200 milhões — no caso, R$ 201 milhões. Para 2021, a projeção era R$ 165 milhões. As modalidades aquáticas ligadas à CBDA terão direito a R$ 12 milhões, um recorde na história do COB. A ginástica vai ficar com R$ 10,6 milhões.

As duas serão as primeiras a contar com mais de R$ 10 milhões garantidos das Loterias em um único ano. Em 2021, o orçamento não previa nenhuma confederação chegando nem a R$ 8 milhões. Este ano, o orçamento previu R$ 9,1 milhões para os aquáticos. Em 2023, virão na sequência o vôlei, com R$ 9,8 milhões, o atletismo, com R$ 8,3 milhões, e o boxe, com R$ 8,2 milhões. O judô terá R$ 7,9 milhões.

Missões e obras

Boa parte do dinheiro contingenciado pelo COB nos últimos anos vai ser usado para as obras de melhoria do Parque Aquático Maria Lenk. Em agosto, a prefeitura do Rio assinou com o comitê a renovação do contrato de concessão até 2048 e agora o COB trabalha para adaptar as instalações do Parque Aquático para que ali também funcione sua sede administrativa. Só em 2023 o COB pretende gastar R$ 30 milhões em obras no local.

O orçamento também prevê R$ 19 milhões só para a missão do Time Brasil no Pan de Santiago, além de R$ 2,5 milhões para os Jogos Mundiais de Praia e R$ 8,7 milhões já antecipando os Jogos de Paris, em 2024. O usual é o comitê "poupar" nos dois primeiros anos de um ciclo olímpico, para gastar na véspera e, principalmente, no ano olímpico, com a missão. Desta vez o ciclo é mais curto, mas 2020, por causa da pandemia, teve gastos bem menores do que o previsto.