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Olhar Olímpico

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Seleção de basquete joga Pré-Olímpico em busca de Tóquio e de sobrevivência

Vitor Benite em amistoso contra a Polônia - Divulgação
Vitor Benite em amistoso contra a Polônia Imagem: Divulgação

29/06/2021 04h00

Medalhista de três edições das Olimpíadas, o basquete masculino brasileiro chegou ao fundo do poço nos três ciclos olímpicos em que não conseguiu sequer se classificar para os Jogos. De 2012 para cá, conseguiu em algumas vezes tirar o pescoço fora da água e respirar. Mas o risco de afundar continua presente, e será mais uma vez um desafio no Pré-Olímpico Mundial, que começa hoje (29), na Croácia, valendo uma única e última vaga para Tóquio-2020.

Desde a histórica vitória sobre a República Dominicana no Pré-Olímpico de 2011, que classificou o Brasil de novo para uma Olimpíada depois de 12 anos, é verdade que o país até comemorou alguns bons resultados. Mas nada que permitisse uma felicidade duradoura. Em 2014, precisou comprar, literalmente, uma vaga no Campeonato Mundial, quando foi bem, ficando em sexto.

Ganhou o Pan, em 2015, mas caiu na primeira fase da Olimpíada do Rio. Deu vexame em três Copas Américas seguidas e nem se classificou para o Pan de 2019. No último Mundial, fez bonito ganhando da Grécia e tomou um baile da República Tcheca. Acabou em uma frustrante 13ª colocação.

Agora o time tem uma pressão extra: o fracasso da seleção feminina, que está fora dos Jogos Olímpicos pela primeira vez desde 1992, depois de crescer no ciclo olímpico, ganhar o Pan, e sofrer uma derrota inexplicável para Porto Rico no Pré-Olímpico. Como o time masculino de basquete 3x3 até foi bem na sua seletiva, mas não conseguiu vaga olímpica, o torneio na Croácia é tudo ou nada para o basquete.

Ou a vaga vem, ou o Brasil vai ficar fora da Olimpíada no basquete pela primeira vez — a outra foi em 1976. Isso impacta diretamente o caixa da confederação e, consequentemente, no futuro da modalidade. O dinheiro das Loterias é distribuído pelo COB a partir de critérios objetivos, e o basquete não cumpre a maioria deles, relacionados a desempenho esportivo, no adulto e na base. Sem ir à Olimpíada, haverá ainda menos dinheiro para tirar a seleção do poço.

A confederação, em si, também não tem um patrocinador master. No ano passado, recebeu R$ 484 mil da Motorola, R$ 112 mil da Nike, e nada mais. Para o Pré-Olímpico, vendeu o espaço principal do uniforme para uma empresa de educação financeira baseada em Miami (EUA), a Liberta Global, onde trabalha o filho do presidente da CBB, Guy Peixoto. Os valores do acordo não foram revelados.

Trabalho posto à prova

Esportivamente, o Pré-Olímpico é um teste de fogo para uma equipe que falhou nos seus últimos três testes importantes: foi nona colocada na Rio-2016, 10ª na Copa América de 2017 e 13ª no Mundial de 2019. Nesses torneios, acumulou mais derrotas (sete) do que vitórias (seis).

Tudo isso em meio a uma renovação, em parte promovida com cuidado pelo técnico Aleksandar Petrovic, em parte forçada. Marquinhos, peça chave no esquema do treinador, avisou depois da convocação para o torneio que iria se aposentar da seleção. Raulzinho, Didi e até o jovem Gui Santos também decepcionaram o técnico ao priorizarem a NBA.

Assim, o treinador croata vai ter de se virar com o que sobrou. Tanto que, na lista dos 12 convocados, escolheu quatro armadores e só dois alas. Entre os veteranos, permanecem Alex (41 anos), Rafael Hettsheimeir (35), Marcelinho Huertas (38) e Anderson Varejão (38), que chegou a ser descartado por Petrovic e ganhou uma chance depois de jogar durante duas semanas após dois anos parado. Agradou tanto que ganhou a vaga de Cristiano Felicio, do Chicago Bulls, que foi dispensado.

Apesar da renovação, ninguém é garoto. O mais jovem Yago, de 22 anos, está na seleção desde 2017. Os demais são ainda mais experientes, como Georginho, Lucas Dias, Bruno Caboclo (todos de 25 anos), Lucas Mariano (27) e Léo Meindl (28).

O caminho do Brasil no torneio começa hoje, às 15h, contra a Tunísia, jogo em que a vitória é obrigatória. "Precisamos ganhar o primeiro jogo para ganhar também confiança, nos classificar para as semifinais e ir em busca do nosso objetivo", disse Petrovic. A segunda partida é amanhã, também às 15h, frente à Croácia. O triangular será fechado na quinta, com Croácia x Tunísia.

Os dois primeiros passam de fase para pegar os melhores da outra chave, que tem Rússia, Alemanha e México. O mais bem colocado de uma chave pega o segundo da outra na semifinal. E os times vencedores se enfrentam no domingo, valendo a vaga olímpica.

Serviço: Pré-Olímpico Mundial de Basquete

Onde: Split, na Croácia.

Quando: de 29 de junho a 4 de julho

Onde assistir: SporTV

Jogos do Brasil no Pré Olímpico:

Brasil x Tunísia, terça (29), às 15h

Brasil x Croácia, quarta (30), às 15h

Semifinais: sábado (3), horário a ser definido

Final: domingo (4), às 14h30