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Olhar Olímpico

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Cheerleading e kickboxing ficam perto de entrar para o movimento olímpico

Equipe da Noruega no Campeonato Mundial de Cheerleading - Divulgação
Equipe da Noruega no Campeonato Mundial de Cheerleading Imagem: Divulgação

16/06/2021 12h47

Cheerleading, que no Brasil é também conhecido como "animação de torcida", e kickboxing estão entre os esportes a um passo de fazerem parte do movimento olímpico. Na semana passada, o Conselho Executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI) enviou à assembleia geral o pedido para que seis federações internacionais sejam reconhecidas pela entidade, incluindo as duas.

Isso não significa que, no futuro próximo, ou em qualquer momento distante, esses seis esportes venham um dia a fazer parte do programa dos Jogos Olímpicos. Mas o reconhecimento é uma etapa obrigatória para que essas modalidades passem a ter diálogo com o COI e com toda a hierarquia do movimento olímpico, o que incluiu os comitês olímpicos nacionais e os órgãos continentais que organizam eventos como os Jogos Pan-Americanos.

Devem entrar para o movimento olímpico a ICU, de cheerleading, a IFMA, de muay thai, a FIAS, de sambo (uma modalidade de luta nascida na União Soviética, parecida com o wrestling), a IFI, de icestocksport (uma variação do curling nascida na Alemanha), a WAKO, de kickboxing, e a WL, de lacrosse (um futebol jogado com bastões que parecem aqueles de caçar borboletas). Todas essas entidades já estavam reconhecidas provisoriamente.

Quando aprovadas pela assembleia geral, que costuma apenas referendar a decisão do conselho executivo em casos assim, essas modalidades se juntam a outros 33 esportes que são reconhecidos pelo COI, mas não estão no programa olímpico fixo. Nessa lista entram, por exemplo, boliche, squash e esqui aquático, disputados nos Jogos Pan-Americanos, além de cabo de guerra, que já foi olímpico, automobilismo e motociclismo.

É dessa relação que saem os esportes que são testados nos Jogos Olímpicos. É o caso de caratê, beisebol/softbol, skate, escalada velocidade e surfe, que estão provisoriamente no programa olímpico e serão disputados em Tóquio. As três últimas modalidades seguem no programa de Paris-2024, que também terá breakdance, modalidade organizada pela federação de dança, que é reconhecida há 24 anos pelo COI e só agora terá uma competição olímpica. Beisebol e caratê voltam para a lista de pretendentes.

Todo esse processo costuma ser moroso e burocrático. Por anos, e, às vezes, décadas, o COI analisa se os estatutos, práticas e atividades das federações estão em conformidade com a Carta Olímpica e se eles adotados e implementados o Código Mundial Antidopagem e o Código do Movimento Olímpico para a Prevenção da Manipulação de Competições. Mas não só. As federações precisam demonstrar independência e autonomia na gestão do seu esporte e cumprir os critérios definidos no procedimento de reconhecimento dos esportes de verão e inverno.

O kickboxing, por exemplo, levou 25 anos para ser aceito pelo COI, como lembra Paulo Zorello, presidente da Confederação Brasileira de Kickboxing "Cumprimos todos os protocolos com mais de 25 anos de trabalho e dedicação de uma geração inteira. E agora chegamos." A modalidade espera que, depois do reconhecimento pelo COI, consiga se tornar olímpica daqui a dois ou três ciclos olímpicos. Ou seja, não antes de 2032.