Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Cartolas de Flamengo e Botafogo se unem no chorororô

Levaremos algum tempo para compreender a extensão do mal causado pela atitude infantil e mimada de John Textor que decidiu culpar erros de arbitragem pelo malogro do Botafogo em 2023. A tal da narrativa por ele criada - a de que o futebol brasileiro estaria infectado por manipulações - agora é usada por outros dirigentes juvenis para explicar derrotas - como os do Flamengo.

É a lógica lavajatista emprestada de Lampedusa do "precisamos mudar tudo para que as coisas permaneçam como sempre foram". Um bando de homens que se dizem gestores anunciando como estamos apodrecidos pela corrupção e já avisando como a mudança deverá ser executada. Por eles. Os salvadores. Os gestores. Os mais preparados. Os mais inteligentes. Os que pegam suas matrizes de pensamento lá nos Estados Unidos, onde tudo funciona muito bem.

Acho que todos já sabem que lá pelos lados da América do Norte nada funciona bem. A pobreza aumenta exponencialmente, o acúmulo de riqueza idem, a corrupção vai muito bem, obrigada. Um país que sai pelo mundo bombardeando e explorando outros, assassinando e exterminando culturas e saberes.

Mas voltemos.

A atitude da diretoria do Flamengo depois do empate contra o Bragantino foi de um constrangimento inédito. Esperneios e chiliques. Não sejam histéricos, como disse Leila Pereira a respeito do chororô por uma entrevista dada apenas a mulheres no começo do ano.

O filho bombadão de Tite, esse mesmo que foi flagrado curtindo postagens de cultuavam a violência contra a mulher e a transfobia, pode ser visto descontrolado em muitas e muitas imagens. Invade o campo, esbraveja, berra.

Que a arbitragem erre e seja ruim não é novidade. Que a chegada do VAR piorou tudo tampouco. Que haja interesses outros no futebol também não surpreende. Não houvesse interesses outros os jogadores não seriam comprados e vendidos no ritmo alucinado que são. Quando um dirigente trata seu time como um balcão de negócios é porque o esporte está perdendo para a comissão. O Cruzeiro acaba de ser revendido em contrato cheio de cláusulas sigilosas, e se esse assunto não o deixa de cabelo em pé, então não podem ser erros de arbitragem que vão te enfurecer.

E seria bastante infantil dizer que existe um time mais prejudicado e outro mais beneficiado. Todos são vítimas e todos são beneficiados em ocasiões aleatórias diante de uma arbitragem mal treinada, mal preparada, mal estruturada.

O futebol não precisa de gestão, precisa de paixão. Não precisa de CEOs, precisa de mulheres e homens que compreendam que esse jogo é um circuito de afetos que forma caráter, sujeitos e comunidades. Menos planilhas e mais amor. Menos cálculo e controle e mais solidariedade e criatividade. Menos chororô e mais dignidade.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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