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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Messi, Pelé ou Maradona? Não existe resposta certa para pergunta errada

Diego Maradona entrega bola para Lionel Messi em arte produzida por fãs - Bruno Andrade/UOL Esporte
Diego Maradona entrega bola para Lionel Messi em arte produzida por fãs Imagem: Bruno Andrade/UOL Esporte

Colunista do UOL

20/12/2022 16h03

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A quem importa estabelecer um ranking de deuses? E que tipo de ranking pode representar com justiça o futebol?

O Brasil é o primeiro no ranking da Fifa. Quem liga para essa bobagem?

Benzema é o melhor jogador do mundo. É?

Não faz sentido colocar métrica na subjetividade de um jogo como o futebol. Fazer isso é estreitar possibilidades.

Essa é a lógica dos que avaliam que Tite fez um ótimo trabalho na seleção; afinal, ganhou quase todas e só perdeu meia dúzia.

Matemática e futebol devem se misturar com moderação.

Claro que números, dados e estatísticas contam uma história do jogo, do torneio, do ano. Mas essa não é toda a história, é apenas uma camada. E uma das mais rasas.

O que você sente? Consegue dizer o que sentiu com Pelé, com Maradona e com Messi?

Em geral, somos analfabetos emocionais. Não conseguimos acessar tudo o que sentimos, não conseguimos descrever e, de fato, as coisas mais grandiosas são indescritíveis.

Messi é um artista genial. Pelé foi um artista genial. Maradona foi um artista genial.

Entre os três, o que mais me comove ainda é Maradona.

Simplesmente porque é um Deus de dimensões demasiadamente humanas: vícios, exageros, paixões, tropeços, recomeços.

Amamos Deuses, mas é com o homem sangrando na cruz que nos identificamos.

Messi é uma personagem menos multidimensional, mas o que ele faz em campo precisa ser inscrito na ordem das coisas mágicas, do encantamento, do sublime, do absurdo.

Pelé foi o gênio transgressor de seu tempo, mas talvez a personagem menos interessante fora do campo.

Não há como estabelecer ordem de grandeza entre os três artistas.

Cada um a seu modo, eles deram sentido às nossas vidas, nos emocionaram, transcenderam suas pátrias, elevaram a humanidade a um lugar de mais significado, alargaram o campo do possível.

Tinha que bastar para que não caíssemos na tentação de estabelecer colocações.

Deuses não deveriam ser colocados em rankings.