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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ronaldo se manifesta sobre Neymar e aprofunda a confusão

Colunista do UOL

27/11/2022 14h11

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Disse o Fenômeno em carta aberta sobre a repercussão à contusão de Neymar: "Que mundo é esse? Que mensagem estamos passando para os nossos jovens? Vai sempre existir gente torcendo contra, mas é triste ver a sociedade num caminho de banalização da intolerância, de normalização dos discursos de ódio."

Vamos por partes.

Que mensagem estamos passando para nossos jovens?

Uma na qual é aceitável apoiar um candidato de extrema-direita e cujo indecente apoio é defendido como um "direito de Neymar apoiar quem quiser" mesmo que seja um monstro.

A mensagem que estamos passando aos jovens diz que é do jogo apoiar extremismo, racismo, machismo, misoginia, LGBTfobia, políticas públicas que provocam mortes, fome, exclusão, desespero.

Essa é a mensagem.

Segue Ronaldo: É triste ver uma sociedade que banaliza a intolerância e normaliza o ódio.

Sim. Tristíssimo.

Só que quem faz isso é Jair Bolsonaro e todos os que apoiam Jair Bolsonaro.

Um presidente que prega a eliminação e a morte de quem não é como ele é quem normaliza o ódio e banaliza a intolerância.

Essa inversão da narrativa é técnica tão velha quanto covarde.

Neymar não é vítima de nada e, mesmo assim, estamos vendo a tentativa de construção de um mártir.

As críticas ao comportamento cívico e esportivo de Neymar são legítimas. O que fez o governo Bolsonaro nunca foi.

O professor Michel Gherman, que pesquisa o nazismo e vem falando a fartar sobre o que representa o governo Bolsonaro, escreveu no Twitter:

"Ontem apresentei o livro na Flip. Por duas vezes, em duas mesas expliquei o porquê acho importante considerar Bolsonarismo como uma forma de nazismo. Hoje ao ver as consequências do ataque no ES e as ofensas a Gil, é preciso avançar nessa definição. É preciso gritar: é nazismo".

Então, Fenômeno, você tem razão no que diz, mas não sobre quem pretende proteger.

O que você falou sobre ódio e intolerância se refere a Jair Bolsonaro e a quem o defende.

Você é um deles? Talvez seja porque, infelizmente, não me lembro de ter visto você se manifestar nem contra Bolsonaro nem contra todas as tragédias que o governo dele causou.

Nesse caso, não tem muito espaço para que você fale da banalização do ódio dado que você, com seu silêncio, colaborou para que esse ódio, que há quatro anos faz vítimas, causa destruição e mortes, fosse banalizado e alargado.

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