Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Jesus, jornalismo, ética e futebol
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Ontem à noite, quando vi uma foto de meu colega Renato Mauricio Prado vendo o jogo do Flamengo ao lado de Jorge Jesus, imaginei que hoje teríamos textão. Se fosse eu ao lado de Jesus, certamente escreveria sobre o grande encontro no dia seguinte. Se não tivesse aspas dele, ou se ele me pedisse para não publicar as coisas que foram ditas ali, eu então faria a crônica do encontro.
Renato é jornalista pra lá de experiente, por isso eu duvido que ele tenha publicado qualquer coisa que Jesus pudesse ter dito em "off". Quando alguém nos diz alguma coisa em "off" fica acordado que o "off" não vai ser publicado.
Eu também apostaria que Renato, mesmo não tendo escutado pedido de "off", disse a Jesus que publicaria a conversa.
A partir desse ponto, não publicar seria deixar de fazer jornalismo. O jornalista não pode ser responsabilizado pelos efeitos que as palavras ditas pelo entrevistado vão causar.
Se estou certa, então Jorge Jesus disse tudo o que disse premeditadamente. O recado foi bastante claro: ele quer voltar ao Flamengo e espera ser procurado.
Jesus está certo ao agir assim? Eu diria que não. Não me parece correto se oferecer nesses níveis quando há um colega de trabalho no cargo.
Por outro lado, as pessoas agem assim regularmente, só que não publicamente. Jesus, portanto, fez o que fez aos olhos de todas e de todos.
É um dilema moral? Sim, sem dúvida.
Vai chacoalhar o Flamengo internamente? Eu apostaria que sim.
Se eu fosse Paulo Souza, entregaria meu cargo e iria comer pasteis de nata em Portugal porque deve ser bastante complexo trabalhar com o fantasma de Jesus a me observar e julgar a todo o instante.
Em relação a meu colega RPM, ele fez o que tem sido a cada dia mais difícil fazer na profissão: um gol de placa.
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