Luís Castro: do conhecimento à sabedoria

"Conhecimento você adquire com qualquer idade. Sabedoria você só adquire com o tempo".

As palavras em destaque são de Luís Castro, da última vez que nós conversamos de forma mais prolongada.

A frase (ou conselho?) talvez defina quase na perfeição a carreira do veterano treinador português, o escolhido para liderar o Botafogo.

Passou a ter maior visibilidade na profissão já mais velho, com 56 anos, quando assumiu o modesto Chaves, em 2017. Antes, havia trabalhado durante praticamente uma década no papel de coordenador das categorias de base do Porto. Sempre gostou de lidar com a juventude.

Ainda no Porto, chegou a dirigir o time B, sendo campeão da segunda divisão, e teve uma passagem rápida pela equipe principal, em 2013/14. Nunca deixou morrer o "bicho" de ser treinador.

Foi no Vitória de Guimarães, em 2018/19, que se consolidou de vez na área. Atingiu a quinta colocação na primeira divisão e, então, ganhou créditos para comandar o Shakhtar Donetsk, onde conquistou uma liga ucraniana.

Respeitado pela classe e pelos atletas. É daqueles que podemos dizer que é um estudioso por natureza. Procura se reinventar ano após ano, dentro e fora das quatro linhas, e busca sempre a conversa direta com os jornalistas. Concede com frequência entrevistas exemplares. Fala fluentemente inglês.

"O Luís é um senhor do futebol", me confidenciou, tempos atrás, o compatriota e possível "vizinho" Abel Ferreira.

Não fica preso num único sistema tático, apesar de, obviamente, ter dois preferidos: 4-2-3-1 e 4-1-4-1. Conhece e acompanha há anos o futebol do Brasil, especialmente depois de conviver com tantos jogadores de origem brasileira na Ucrânia.

Dizer que os times do ex-treinador do Al Duhail são "equilibrados" não é ficar em cima do muro ou até mesmo mostrar desconhecimento. É a realidade. Não prioriza o ataque e nem mesmo a defesa. Quer, sim, a posse de bola.

Os cabelos brancos entregam: Luís Castro já tem 60 anos. Tem conhecimento e, acima de tudo, sabedoria.