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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

CBF deveria procurar Tuchel, o melhor técnico disponível no mercado

Thomas Tuchel, técnico do Chelsea, comemora conquista da Liga dos Campeões - SUSANA VERA / POOL / AFP
Thomas Tuchel, técnico do Chelsea, comemora conquista da Liga dos Campeões Imagem: SUSANA VERA / POOL / AFP

08/09/2022 04h00

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Eu não acho que o próximo técnico da seleção brasileira deva obrigatoriamente ser estrangeiro. Pode ser, pode não ser. Creio que nossa cultura de futebol já está absorvendo a simples verdade, que começou a ser escancarada no 7 a 1: não somos mais os donos da bola, os únicos que entendem, os proprietários do conhecimento sobre futebol.

Tem muita gente lá fora tratando o futebol como ciência, indo muito além do básico, o empírico. Nos últimos quatro anos, chegaram muitos treinadores estrangeiros ao futebol brasileiros e todos agregam. Alguns são melhores, outros piores. Alguns conseguem grandes resultados, outros nem tanto. Mas todos agregam. Porque o intercâmbio sempre melhora o ambiente, conhecer outros métodos, outras visões, outras maneiras de lidar com problemas, com atletas, com dados.

O trabalho de seleção brasileira não reverbera tanto no que é o dia a dia do futebol brasileiro e, o principal, na formação de jogadores. O ideal é que reverberasse. Que houvesse uma lógica, um fio condutor, método, enfim. Mas a CBF não está exatamente preocupada com isso.

O técnico da seleção é apenas isso, técnico da seleção. Sendo assim, não sei se tem muito sentido pensar em filosofia de jogo, trabalho autoral ou coisa do tipo. Para o cargo, é necessário ter alguém experiente, que conheça o caminho de vitórias, que entenda muito de futebol, que esteja constantemente se atualizando sobre a evolução do jogo (dentro e fora de campo), que saiba lidar com estrelas, que consiga formar um grupo de confiança e que este grupo confie nele. De preferência, alguém com princípios, que seja honesto, transparente, educado, que respeite a diversidade cultural do país e saiba lidar com visões variadas.

Tite, no meu ponto de vista, atende todos os requisitos. Não será fácil substitui-lo, mas é algo que precisará acontecer ao final da Copa do Mundo. A CBF não pode esperar, é importante já planejar o futebol. E surgiu hoje no mercado um treinador que, no meu ponto de vista, seria um fortíssimo candidato ao cargo: o alemão Thomas Tuchel.

Tuchel foi mandado embora do Chelsea após um mau início de temporada. Mas, essencialmente, o problema nem foram os resultados. Foram os desentendimentos com os novos donos do clube após o mercado de verão. Não havia mais nem diálogo nem clima. O Chelsea não se notabilizou, nestas duas décadas de sucesso com dinheiro correndo forte nos cofres do clube, por ter muita paciência com técnicos.

Tuchel foi o único capaz de chegar à final da Champions League com as estrelas do PSG e depois conquistou a competição com o próprio Chelsea. Sabe lidar com jogadores de alto calibre, conhece jogadores brasileiros, entende demais do jogo.

Seria meu preferido? Não. Eu adoraria ver Carlo Ancelotti encerrar a carreira com a experiência que não teve, o futebol de seleções. Adoraria ver Jurgen Klopp com o agasalho da seleção, mas esta não é uma possibilidade. Do mercado interno, acho que Dorival Júnior está provando seu valor, seria uma escolha incrível. Adoraria ver Fernando Diniz chegando lá, mas ele ainda precisa encontrar o caminho dos títulos. Voltando a nomes estrangeiros, acho que Jorge Jesus se encaixaria super bem.

Enfim, não sobram nomes, mas há alguns. O único técnico top mundial desempregado, no entanto, é Tuchel. E a CBF tem a obrigação de consultar os planos do cara.