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Julio Gomes

REPORTAGEM

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Com três estreantes, Libertadores tem 'legião' menos pesada em 20 anos

Wellington Paulista jogador do Fortaleza comemora seu gol durante partida contra o Bahia no estádio Arena Castelão pelo Campeonato Brasileiro A 2021. 09/12/2021 - Kely Pereira/Kely Pereira/AGIF
Wellington Paulista jogador do Fortaleza comemora seu gol durante partida contra o Bahia no estádio Arena Castelão pelo Campeonato Brasileiro A 2021. 09/12/2021 Imagem: Kely Pereira/Kely Pereira/AGIF

10/12/2021 04h13

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Você consegue imaginar Palmeiras, Atlético ou Flamengo sendo campeões da Copa Libertadores em 2022? Sem dúvida. E Corinthians, Fluminense e Athlético-PR? Já fica mais difícil. E Fortaleza, Red Bull Bragantino ou América-MG? Bem, aí já soa como devaneio.

Estes três últimos citados farão a estreia deles na máxima competição continental no ano que vem. Serão os clubes brasileiros números 29, 30 e 31 a disputar o torneio. Fortaleza e Bragantino já entram direto na fase de grupos, após a ótima campanha de ambos no Brasileiro (quarto e sexto, respectivamente). O América ainda terá de passar pela Pré-Libertadores para seguir aos grupos.

É a legião brasileira mais fraca - ou menos pesada - em termos de números nos últimos 20 anos. Apenas quatro destes clubes já foram campeões da Libertadores, somando sete títulos (três do Palmeiras, dois do Flamengo, um do Galo e um do Corinthians). Fluminense e Athlético já foram finalistas, mas nunca campeões.

Foi só a partir do ano 2000 que a Libertadores passou a ter mais do que dois times de cada país (além do campeão da vez, o que fazia algum país ter três). O número mínimo subiu para quatro, depois para cinco, até chegar em sete. Em 2022, será só a segunda vez que o Brasil chegará com uma legião em que menos da metade dos clubes já levantou a taça do torneio (4 de 9) e também a segunda vez que o contingente tem uma média "per capita" de menos de uma Copa Libertadores conquistada na história.

Desde 2017, o Brasil passou a ter sete vagas fixas na Libertadores e, no ano que vem, terá nove participantes pela primeira vez - devido aos títulos continentais de Palmeiras e Athlético, que abriram mais duas vagas. Para se ter uma ideia, nas últimas quatro edições do torneio, sete dos oito clubes brasileiros classificados já haviam sido campeões, somando sempre mais de dez Copas juntos. A Libertadores-2021, vencida pelo Palmeiras, tinha 16 títulos distribuídos entre os clubes brasileiros.

Precisamos voltar a 2002 para encontrar uma presença brasileira tão pouco, digamos, assustadora. Naquele ano, a Libertadores teve Athlético (campeão brasileiro pela primeira vez), São Caetano (vice), Grêmio (Copa do Brasil) e Flamengo (vindo da extinta Copa dos Campeões). Athlético e São Caetano participavam do torneio só pela segunda vez. Somados, Grêmio e Flamengo tinham três títulos - hoje, têm cinco.

Houve outros anos de 2002 para cá em que, na ocasião do torneio, a soma de títulos dos clubes brasileiros não chegava a sete - mas, se olharmos para os nomes dos clubes e contarmos a lista atual de títulos de Libertadores, este número sempre iguala ou supera sete.

Como em 2014, por exemplo, a única Libertadores do século sem um único clube paulista sequer. Os representantes do país eram Atlético-MG, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Athlético-PR e Botafogo. Na época, os quatro que já haviam sido campeões haviam conquistado seis Libertadores. Mas, se olharmos para a lista atualizada de títulos, contando o que fizeram no futuro, haveria oito taças de Libertadores ali. Em 2006, em uma edição com presenças de Paulista e Goiás, o Brasil tinha só dois campeões entre participantes (São Paulo e Palmeiras, que somavam quatro taças). Mas Inter, naquele mesmo ano, e Corinthians seriam vencedores finalmente. Hoje, esses quatro times somam nove conquistas continentais.

O fato é que, ao longo do século, com a ampliação de vagas, o Brasil sempre chegou à Libertadores com todos ou quase todos os seus times na lista de principais favoritos ao título. Desta vez, são apenas três dos nove participantes que podem receber tal status.