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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Gomes: Hamilton, 100 vezes vencedor, dá aula de obediência ao garoto Norris

Lewis Hamilton em ação no GP da Rússia, sua centésima vitória na F-1  - Mercedes
Lewis Hamilton em ação no GP da Rússia, sua centésima vitória na F-1 Imagem: Mercedes

26/09/2021 10h56

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A corrida da Rússia foi uma das melhores da temporada - teve líder largando em último, vice-líder largando mal, estratégias diferentes e chuva no fim. Ou seja, o coquetel perfeito para a diversão. A vitória de Hamilton, que deveria ter ficado com Norris, foi mais do que a centésima do inglês. Foi também uma aula de obediência e de respeito a ordens de equipe.

Lando Norris, um garotão de 21 anos e muito talento, não vai dormir à noite. Porque bastava ele ter escutado seu engenheiro e entrado no box, nas voltas finais, quando a chuva começou a cair em Sochi, para vencer a corrida. Mas, em vez de colocar os pneus intermediários, ele gritou "calem a boca!". E não entrou.

Achou-se o sabidão. Mas a chuva apertou, Norris não conseguiu dirigir três voltas embaixo de água, e precisou, afinal, parar. Acabou em sétimo.

Hamilton tampouco queria parar no box. O rádio entre ele e a equipe mostrou que o inglês gritou "a chuva parou!", relutando em entrar. Mas a equipe insistiu, ele obedeceu. Talvez o Hamilton de 2007, quando começava na Fórmula 1, aquele Hamilton que teve logo de cara a chance de ser campeão no primeiro ano e perdeu o título justamente em um erro infantil na chuva, na China, talvez aquele garoto tivesse feito como Norris fez hoje.

Mas o Hamilton de 2021 obedeceu a equipe. Porque ele sabe que ninguém está lá para atrapalhá-lo, muito pelo contrário. E ele venceu. É o maior piloto da história da categoria, agora com 100 vitórias no bolso. Número redondo, marca histórica.

Norris aprendeu uma lição que nunca esquecerá. É claro que a opinião do piloto importa, é ele quem está no volante, mas mandar a equipe "calar a boca", ficar na pista sob chuva e jogar fora a primeira vitória de sua carreira, não foram exatamente boas decisões.

A corrida de Max Verstappen foi extraordinária. Tudo ficou bagunçado desde antes do início, pelo fato de o holandês largar da última posição. Ele galgou posições, mas o carro não rendeu bem na parte final da prova, com pneus médios. Ia acabar em sétimo, mas aí veio a chuva, a Red Bull chamou Verstappen na hora certa e ele foi o grande beneficiado da chuva no fim, terminando em segundo.

Para quem largou em último, acabar em segundo, só atrás de Hamilton, foi um resultado e tanto. A Red Bull minimizou os danos da troca de motor - que a Mercedes possivelmente será obrigada a fazer em algum momento até o fim da temporada.

Outro que se deu bem foi Bottas, o primeiro a colocar pneus intermediários. O finlandês ia acabar fora do pódio, mas terminou em quinto lugar, dando pontos importantes para a Mercedes. Checo Pérez, que poderia ter vencido a corrida se parasse antes - estava em terceiro na pista, atrás de Norris e Hamilton -, acabou em nono com a outra Red Bull.