Topo

Julio Gomes

Eleição da Fifa expõe impopularidade de Neymar no mundo da bola

Neymar Jr, jogador do PSG - Lucas Figueiredo/CBF
Neymar Jr, jogador do PSG Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

12/12/2020 03h43

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Ainda não sabemos quem votou em quem. O que sabemos é que os finalistas para o prêmio The Best, da Fifa, são Lewandowski, Messi e Cristiano Ronaldo. Estão fora Neymar e De Bruyne, que dificilmente não apareceriam entre os três melhores da temporada em uma eleição da France Football, por exemplo.

Infelizmente, a France Football, em uma decisão que considerei precipitada, resolveu não entregar a Bola de Ouro em 2020 e deixou a Fifa sozinha para premiar o melhor do mundo. Aqui no Brasil, adoramos uma chancela oficial, um carimbo do cartório da bola. Mas, na Europa, o prêmio mais respeitado entre jogadores, torcedores, todos, enfim, é a Bola de Ouro.

O prêmio da France Football é definido pelos votos de jornalistas e especialistas dos grandes centros europeus, que acompanham de perto a elite do futebol. Já o da Fifa sempre teve um viés de concurso de popularidade.

Os jogadores são escolhidos por votos de técnicos, capitães de seleções e um jornalista de cada país afiliado à Fifa. Além disso, torcedores votaram por meio do site da entidade. Sendo assim, há sempre a tendência a serem lembrados os nomes mais famosos.

Messi e Cristiano Ronaldo foram ótimos na temporada passada. "Ótimos" para os tempos anteriores aos padrões que eles mesmos estabeleceram. Para o nível deles, o ano ficou longe de entrar para a história. Messi chegou a participar da humilhante derrota do Barcelona por 8 a 2 para o Bayern e não ganhou um título sequer. Foi a primeira vez em 15 anos que nenhum deles chegou nem à semifinal da Champions.

Os dois gênios estão nessa lista pelo nome que têm, pelo que fizeram em um passado um pouco mais distante do que 19/20.

Neymar ironizou sua ausência do top 3 nas redes sociais, o que mostra definitivamente como a obsessão por ganhar prêmios individuais não vem apenas do pai ou do entorno. O mais preocupante para ele é que, pelo jeito, a popularidade não anda muito boa entre os próprios técnicos e jogadores das seleções de cada país.

A imagem do brasileiro azedou na Copa de 2018, com aquele festival de "cai cais". Não vai ser fácil recuperá-la, ainda mais defendendo o PSG, que tampouco é dos clubes mais adorados mundo afora. Olhando para os finalistas, dá para pensar até que Neymar ficaria sem o prêmio mesmo se tivesse vencido a Liga dos Campeões para o Paris.

Para chegar ao prêmio de melhor do mundo, Neymar está "condenado" a ser protagonista e levar o Paris ao título europeu, talvez a seleção a uma Copa do Mundo. Tem que jogar muita, mas muita bola mesmo - que, aliás, tem jogado. Deste jeito, convenceria um júri de especialistas, tipo o da France Football.

Mas tenho dúvidas se convencerá o público da periferia da bola, que costuma votar nos nomes mais famosos, e também os seus "pares" de futebol europeu - que claramente não curtem a atitude do brasileiro em campo. Neymar paga o preço da imagem que ele mesmo construiu. Depois da temporada que ele fez e dado que ficou fora do top 3, me parece que a Bola de Ouro é um prêmio mais "atingível" para ele do que o concurso de popularidade da Fifa.