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Julio Gomes

Palmeiras é trampolim ou obstáculo para a carreira de Ramírez?

Miguel Ángel Ramirez precisa definir destino - Getty Images
Miguel Ángel Ramirez precisa definir destino Imagem: Getty Images

19/10/2020 04h00

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Miguel Ángel Ramírez é um sujeito novo, vai completar 36 anos nesta semana. Nasceu em um dia 23 de outubro, como Pelé, na cidade de Las Palmas, nas ilhas Canárias. Cidadão do mundo, destes que gostam de absorver culturas, já passou pela Grécia, pelo Catar e está há um tempo no Equador.

Se dissermos que o sonho profissional de Ramírez é triunfar como técnico no futebol de elite, ou seja, na Europa, dificilmente vamos errar. É natural que seja assim. Todos nós temos ambições em nossas carreiras, todos temos sonhos. Ramírez é um idealista, entende e sente o futebol à sua maneira e certamente está preenchendo as lacunas que considera necessárias para melhorar como profissional e, um dia, estar na elite.

O Palmeiras, desesperado por um treinador e por uma resposta a seus torcedores, quer Ramírez. Vai atrás dele no Equador e fará uma oferta muito boa financeiramente. A derrota de ontem para o Fortaleza vai acentuar a pressa.

Treinar um grande clube no Brasil, o país do mundo em que "melhor" funciona a máquina de moer técnicos, é bom ou ruim para os planos do espanhol?

Esta é a grande resposta que ele terá de dar nas próximas horas. Convencê-lo de que treinar o Palmeiras será um passo na direção correta, e não um passo em falso, é a grande missão do clube paulista.

Se quiser ser visto por um clube europeu, faz diferença para Ramírez estar no Del Valle ou no Palmeiras? Já vimos no ano passado que Jorge Jesus não seduziu o mercado europeu pelo que fez no Flamengo (o Benfica é um caso diferente).

Vamos imaginar que ele assuma o Palmeiras e daqui um ano, mais ou menos, seja vítima da máquina de moer técnicos. Isso fará bem ou mal a sua carreira e a seus planos?

Trampolim ou obstáculo?

Este, creio, é o cenário. Se o Palmeiras quiser Ramírez, terá de convencê-lo de que o desafio será benéfico para sua carreira (trabalhar com estrelas locais, em um clube mais popular, onde há mais pressão, escrutínio da mídia, etc) e que compensará o risco. Se o espanhol entender que, para seu futuro, vale mais a pena a estabilidade e não a loucura que é trabalhar aqui, se entender que a chance maior de ganhar uma Libertadores não representará grandes coisas para o plano de participar da elite mundial, não haverá dinheiro no mundo que seja suficiente.

Pessoalmente, acho que uma experiência no Brasil, em um clube que lhe dê bom material humano e boas condições de trabalho, seria benéfica. Seria um aprendizado, sem dúvida. Se der errado e ele for decapitado, como tantos outros já foram, ele tem um álibi. O mundo todo sabe como a banda toca por aqui.