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Julio Gomes

Que destinos do futebol europeu foram alterados pela parada do coronavírus?

Jogadores do Real Madrid celebram título com o técnico Zidane                              -                                 GABRIEL BOUYS/AFP
Jogadores do Real Madrid celebram título com o técnico Zidane Imagem: GABRIEL BOUYS/AFP

03/08/2020 04h00

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Acabaram neste fim de semana as Ligas e Copas dos principais centros europeus. Na Inglaterra, o Arsenal ficou com a FA Cup, a Copa, ao vencer o Chelsea na final. Na Taça de Portugal, o Porto superou o Benfica, apesar de jogar com um a menos desde o primeiro tempo. E, na Itália, a Inter acabou com o vice-campeonato ao vencer a Atalanta no duelo direto.

O futebol europeu parou em março, em meio a milhares de mortes causadas pela Covid-19. Voltou em maio na Alemanha, e depois foi sendo retomado paulatinamente em outros países - sempre com portões fechados. Agora, em agosto, em pleno verão, ocorrerão as finais continentais - Champions e Europa League, em Portugal e Alemanha, respectivamente, com jogos únicos. E, em setembro, já começa a temporada 20/21 por todas as partes.

Que ligas tiveram um destino diferente por causa da parada de três meses do futebol? Será que algo teria acontecido de forma muito diferente do que aconteceu? É claro que não há certezas, podemos apenas especular.

ESPANHA

Aqui, talvez, more a maior interrogação. O Real Madrid chegou à parada com eliminação na Copa do Rei, derrota para o Manchester City na Champions e apenas uma vitória em quatro jogos no Espanhol - justamente sobre o Barcelona. Mesmo perdendo o clássico, o Barça tinha uma vantagem de dois pontos. E ainda boas perspectivas, em teoria: a volta de Suárez e mais tempo para o técnico Quique Setién conhecer o time.

O Barça logo tropeçou três vezes, empates contra Sevilla, Celta e Atlético de Madrid. É até normal pensar que o time de Messi, que nunca mostrou firmeza na temporada, pudesse perder pontos aqui e ali. O que não dava para imaginar, pelo que víamos antes da pandemia, era que o Real Madrid ganharia dez partidas seguidas. Atropelou na classificação e ficou com o título.

Se o futebol não tivesse parado, quem teria sido campeão? É realmente muito difícil de responder, como já era difícil lá em março. O fato é que Zidane, no tempo "livre", conseguiu tirar do time o melhor que ele tinha a dar, o contrário do que aconteceu com Setién.

Olho no Atlético de Madrid, que justo antes da parada foi capaz de eliminar o Liverpool da Champions. E, na volta, ganhou sete partidas e empatou quatro. Já são 18 jogos de invencibilidade, somando as competições. O bom momento foi carregado após a pausa, e o Atlético é candidatíssimo na Europa.

INGLATERRA

O que fugiu do óbvio foi esse título de Copa da Inglaterra do Arsenal. O time de Arteta foi eliminado justo antes da parada pelo Olympiacos, na Europa League, em casa, de forma patética. Depois da parada, voltou um leão no mata-mata, ganhando do poderoso City e do Chelsea para levantar a FA. Não tinha a menor pinta de que isso teria acontecido sem a pausa. O Arsenal deixa boas sensações para o futuro, não era assim em março.

Na Premier, o Liverpool ia ser campeão e foi. O Manchester City ia ser vice e foi - fica a pulga atrás da orelha, pois o time de Guardiola carimbou a faixa do Liverpool com um 4 a 0 e parecia estar voando, mas aí caiu para o Arsenal na FA Cup. O Manchester United, que vinha em grande fase antes, carregou o momento e arrancou na última rodada a vaga na Champions 20/21, que havia ficado nas mãos do Leicester durante toda a temporada. O corona não conseguiu frear os Diabos Vermelhos.

ITÁLIA

Aqui é difícil imaginar que algo tivesse acontecido de outra forma. O torcedor da Lazio é quem vai discordar de mim, já que o time vinha numa sequência impressionante na Série A, com 16 vitórias e 2 empates quando o futebol parou. Na volta, perdeu metade dos 12 jogos que fez e deixou de disputar o título com a Juventus para acabar na quarta colocação. A Lazio ganharia o Scudetto? Duvido muito. Mas vai saber... o prêmio de consolação foi a Chuteira de Ouro para o artilheiro da temporada europeia, Ciro Immobile.

A Juve, instável antes, seguiu instável depois. Foi campeã pela nona vez seguida, mas só com um ponto a mais que a Inter, 6 vitórias em 12 partidas na Série A e ainda a derrota na final da Coppa Itália para o Napoli. Vamos ver se a Juventus conseguirá passar pelo Lyon e fazer algo interessante na Champions, mas há notícias sobre uma possível insatisfação de Cristiano Ronaldo e parte do elenco com o trabalho de Maurizio Sarri, que poderia dar lugar a outro Mauricio, Pochettino, ao final da temporada.

Se a Lazio despencou e a Juventus seguiu mais ou menos, há de se elogiar a Atalanta. O superataque de Bérgamo vinha de seis vitórias seguidas antes, incluindo classificação para as quartas da Champions, e engatou oito vitórias e três empates na volta do futebol, chegando à vice-liderança - acabou em terceira, pois perdeu para a Inter o último jogo. A Atalanta vem forte para o duelo contra o PSG na Champions. O Napoli, campeão da Copa, também chega confiante para pegar o Barça.

PORTUGAL

Mais um país em que as coisas aconteceram, possivelmente, da forma que teriam acontecido. O Benfica liderava, mas já vinha de maus resultados. A sequência continuou pós-pandemia, o Porto passou passando, foi campeão e ainda levou a Taça de Portugal sábado, apesar do jogador expulso no primeiro tempo. Talvez a derrocada do Benfica tenha afetado menos o destino do futebol local e mais o destino do Flamengo, que acabou perdendo Jorge Jesus para o clube encarnado.

ALEMANHA

Sem novidades aqui. O Bayern de Munique estava destruindo antes, destruiu depois, foi campeão de novo de Liga e Copa e chega forte para a Champions League.

Entre os 12 postulantes ao título europeu - 4 já nas quartas e outros 8 disputando as vagas restantes, não houve nenhuma grande queda após a volta do futebol. Seguiram todos na mesma toada em que vinham antes, exceção feita ao Real Madrid, que claramente está mais forte - e ressalte-se a interrogação em cima de Paris e Lyon, que não tiveram campeonato para jogar.