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Julio Gomes

Corinthians até merece elogios, mas eliminação é gigante

Pedrinho acerta Ángel Benítez, do Guaraní (PAR), e deixa Corinthians com um a menos na Libertadores - NELSON ALMEIDA / AFP
Pedrinho acerta Ángel Benítez, do Guaraní (PAR), e deixa Corinthians com um a menos na Libertadores Imagem: NELSON ALMEIDA / AFP

12/02/2020 23h44

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O jogo do Corinthians foi enorme em Itaquera. No fim, o time venceu o Guaraní por 2 a 1, mesmo jogando com 10, mas o gol fora de casa definiu a classificação do Guaraní paraguaio. Alguns torcedores aplaudiram. Tiago Nunes mostrou sua qualidade como técnico, montou um time com ótima escalação e foi buscar o resultado. O terceiro gol poderia ter saído no sufoco final, quis o destino que não saísse.

Muitos falarão das arbitragens, já que dois dos gols do Guaraní saíram de faltas mal marcadas. Mas não dá para passar o pano em Pedrinho, que nunca poderia ter feito as faltas de que fez, sendo expulso no primeiro tempo.

O tamanho do prejuízo é grande, com o Corinthians fora da fase de grupos. Não dá para minimizar. É um clube em condições financeiras precárias e que deixa de ganhar muito dinheiro.

Tiago Nunes acertou no 4-4-2, mas insistiu em Sidcley. A dupla Camacho-Cantillo funciona, mas não pode tomar cartões tão rapidamente. Boselli está voando, mas não pode perder o gol que perdeu no fim. Resumindo: ninguém foi perfeito. Nem o juiz nem o Corinthians.

Tiago errou, Pedrinho errou, árbitro errou... mas o grande responsável pela eliminação do Corinthians? O Guaraní. Fez tudo certo, o time paraguaio. Quando precisou defender, defendeu. Quando precisou atacar, atacou. Quando precisou ousar em substituição, ousou.

Eu gostei demais da escalação de Tiago Nunes. Janderson e Everaldo não se mostraram à altura das necessidades do Corinthians. Pedrinho tinha que jogar, e a entrada de Vágner Love mostrou como ainda é possível jogar com dois atacantes.

O 4-4-2 corintiano foi um esquema que vimos tantas vezes ser usado, inclusive na seleção brasileira. Vários atacantes brasileiros ao longo dos últimos anos foram prejudicados com o "fim" deste segundo atacante. Ou é um 9 ou tem que jogar pelo lado. Tem jogador que precisa flutuar, se associar, cair pelos lados, chegar à area, não ficar preso a uma posição apenas. Querem um exemplo? Robinho.

Deu certo para o Corinthians. Love fez um grande jogo, ajudou a vida de Luan e Pedrinho, combinou bem com Boselli.

Tudo estava funcionando com perfeição até a expulsão de Pedrinho. O gol saiu rápido, com Luan aproveitando um raro espaço na frente da área dado pelo ótimo time do Guaraní. Depois do 1 a 0, o Corinthians diminuiu um pouquinho o ritmo, mas, sinceramente, era jogo até para goleada, pela maneira como o time se portava e a torcida empurrava.

Pedrinho fez, então, duas faltas rápidas para cartão. Sinceramente? Eu não teria dado vermelho para ele pela bicicleta que acabou acertando o rosto do adversário. Não havia ninguém por perto, Pedrinho não vê a presença do jogador do Guaraní. É um lance absolutamente involuntário. Ainda no primeiro tempo, com um jogador que acabara de ser amarelado... o juiz, eu sempre digo, precisa entender o tamanho de suas ações. Ele condicionou demais a eliminatória. Vou discordar dos especialistas em arbitragem nessa, é um lance interpretativo, em que Pitana poderia ter contemporizado.

Dito tudo isso, Pedrinho foi infantil e correu um risco desnecessário.

Mas, enfim, o vermelho foi dado. E o Corinthians, jogando bem, ainda assim chegou ao segundo gol, na maravilhosa jogada de Love e a assistência para Boselli.

Ainda no primeiro tempo, no entanto, o Guaraní já fez uma mudança interessante e corajosa. Realmente, é um time bem treinado, que soube jogar tanto quando precisou se defender quanto quando precisou atacar.

No segundo tempo, o jogo era todo do Guaraní, o Corinthians recuou demais. O gol saiu em uma falta mal marcada, em um lance que, em tempo real, passou a impressão de falta de Gil, mas a câmera lenta mostrou que não houve contato. Mas a impressão é que o gol sairia uma hora ou outra, o time paraguaio estava melhor em campo. E continuou melhor em campo, até pela superioridade numérica.

Veio, então, a expulsão do zagueiro do Guaraní, também equivocada (o primeiro amarelo saiu de uma falta mal marcada). Com 10 contra 10, o Corinthians foi para cima, teve um par de chances, mas não conseguiu fazer o terceiro.