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Danilo Lavieri

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REPORTAGEM

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Palmeiras pede bloqueio de veículos, imóveis e contas da WTorre e diretores

Colunista do UOL

21/06/2023 04h00Atualizada em 21/06/2023 14h35

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O Palmeiras quer o bloqueio de todos os veículos automotivos, de todas as serventias de registro de imóveis e dos valores em contas correntes, poupanças e até aplicações financeiras que estejam em nome da Real Arenas e de Cláudio Macedo e Renato Muscari Lobo, diretores da empresa, até o valor de R$ 128 milhões.

É o que consta no pedido de instauração de inquérito policial por apropriação indébita feito pelo clube a que a coluna teve acesso com exclusividade. No documento, datado do dia 23 de maio de 2023, o Alviverde ainda requer a quebra de sigilo bancário da Real Arenas, empresa criada pela WTorre para a gestão do Allianz Parque.

Em contato com a coluna, o advogado criminalista que representa a Real Arenas, Celso Vilardi, disse que já teve acesso ao documento e que já respondeu à peça inicial acrescentando pontos que são omitidos pelo clube na disputa travada com construtora. Na visão dele, a medida palmeirense é absolutamente inapropriada e tem como objetivo fazer pressão com um espetáculo midiático.

No documento que está sob o poder do 23º Distrito Policial, o Palmeiras sustenta que a WTorre envia mês a mês os relatórios financeiros de suas atividades ao clube e que não repassa as propriedades a que o clube tem direito. O valor total é de R$ 127.972.784,97 e diz respeito a participação em cima de itens como naming rights, shows e outras explorações comerciais no Allianz Parque.

Na ótica do clube, o fato de a WTorre admitir que recebe essa verba e não repassa de forma deliberada desde 2015 caracteriza apropriação indébita. Vale lembrar que essa conta só leva em consideração o que foi realizado até março de 2023 e já é maior nos dias de hoje.

Celso Vilardi classifica a medida do Palmeiras como sem respaldo jurídico e diz que acredita que a Justiça não aceitará esse pedido. Não há prazo para uma resposta por parte das autoridades.

"O Palmeiras e a minha cliente têm uma relação comercial que tem discussões que estão sendo feitas na esfera civil e na arbitragem. Essa atitude é uma forma de pressionar por meio de uma espetacularização na mídia, absolutamente inapropriada, com todo respeito ao clube e aos advogados. Não há nenhum indício de apropriação indébita. O que está em discussão é uma relação de créditos e débitos, de quem deve para quem. O fato de a WTorre enviar mês a mês os relatórios foi usado como argumento do Palmeiras para apontar uma irregularidade, mas na verdade enfraquece a tese, porque mostra que a construtora não esconde nada das receitas", explicou Vilardi.

"Há uma discussão sobre quem deve para quem e isso está em questão no momento. Não há apropriação indébita em uma relação comercial, porque a WTorre não se apropria de nada", completou. "A companhia e meu escritório estão tratando esse assunto da melhor maneira possível e não vejo possibilidade de a Justiça acatar esse pedido", completou.

O Palmeiras, por sua vez, diz que a arbitragem trata de outras discussões entre as partes, mas não das receitas que deveria receber pela exploração comercial do seu estádio. Euro Bento Maciel Filho, advogado criminalista que representa o clube, vai para o lado oposto e diz que a ação é típica de uma apropriação indébita e explica que a Justiça já deixou claro que essa cobrança não está na Câmara de Arbitragem.

"Eu não sou da área civil, mas a Justiça Comum já reconheceu que esse caso não é da arbitragem depois de o Palmeiras recorrer de uma primeira instância. Esse valor que foi apropriado indevidamente pela WTorre é valor certo, determinado, confessado e não pago. Não é uma discussão da arbitragem. É um tema debatido na Justiça comum seja na área civil ou criminal", explicou Euro.

"Esse é um valor que a Real Arenas confessa, é um valor devido e não estamos falando de dois ou três meses. Estamos falando de praticamente oito anos, com repasses não sendo feitos desde 2015. Nada, nem um tostão, nem um centavo. E ela está usando o dinheiro do Palmeiras no fluxo de caixa deles. Isso é dolo claro", completou.

Se o tema fosse da arbitragem, que exige confidencialidade, Leila Pereira já teria sido multada por falar abertamente desta questão ou por ter levado o caso à Justiça Comum. Foi o que aconteceu com Paulo Nobre quando presidente do Palmeiras. O dirigente foi multado por falar sobre questões da arbitragem publicamente, algo que ainda não aconteceu com Leila.

Celso Vilardi preferiu não comentar essa versão por estar representando a construtora apenas na esfera criminal e não na arbitragem. Além dessas duas discussões, o Palmeiras também move um processo na Justiça Comum contra a WTorre, onde conseguiu uma vitória parcial na última semana, com uma notificação que intima a empresa a pagar a dívida ou prestar esclarecimentos sobre o tema. Hoje (21), a Justiça suspendeu essa decisão.

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