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Danilo Lavieri

REPORTAGEM

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Especialistas analisam segredos para sucesso do Red Bull fora de campo

Red Bull Bragantino usou seu time de futebol para homenagear o surfista Adriano de Souza - Reprodução/Twitter
Red Bull Bragantino usou seu time de futebol para homenagear o surfista Adriano de Souza Imagem: Reprodução/Twitter

Colunista do UOL

03/07/2021 04h00

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O Red Bull Bragantino consegue destaque ao liderar o Brasileirão neste momento, mas, fora de campo, o estilo de gestão da empresa multinacional já é um case de sucesso pelo mundo. O torcedor brasileiro se encanta com a equipe de futebol, mas já tinha tido experiências em outras modalidades, especialmente as radicais.

Em análise feita ao blog, especialistas destacam que o público-alvo da marca de bebidas energéticas é o de jovens e a entrada no esporte foi fundamental para atingir diferentes nichos do mercado.

O carro-chefe da empresa era a realização ou o aporte a eventos considerados tops a nível mundial, casos da Nascar e XGames, além de equipes de Fórmula 1, como a Red Bull Racing. O futebol foi o salto em um esporte que já estava consolidade e começou em 2013, na Alemanha, com o RB Leipzig.

Desde então, foram adquiridos mais quatro clubes, sendo dois no Brasil: o Red Bull Bragantino, que faz boa campanha na Série A do Campeonato Brasileiro, e o Red Bull Brasil, que está na Série A2 do Paulista. Os outros são o New York Red Bulls, que disputa a Major League nos Estados Unidos, e o FC Red Bull Salzburg, na Áustria.

"O projeto, que no momento é bem sucedido no futebol brasileiro, é mais uma manifestação de algo anterior, que já começou há muito tempo, sobretudo na primeira década desse século, quando a Red Bull realmente inovou e mudou diversos parâmetros do marketing no mundo todo. A empresa decidiu que a melhor forma de fazer marketing seria viver as experiências que seus fãs gostariam. Promover a eles experiências reais e extremas. No caso da marca, inicialmente com "Red Bull te dá asas", por exemplo. Esse slogan, que tinha uma campanha muito simples na televisão, se baseava e buscava patrocinar esportes, mostrava imagens incríveis de pessoas que se arriscavam e que, sobretudo, a coisa mais importante não era o fato se voava ou se não voava, se tinha asa ou não, mas mostrava um esporte que tinha a comunidade envolvida por muita paixão", explicou o autor do livro Inovação é o Novo Marketing, Bruno Maia.

"O maior caso da Red Bull até hoje é o projeto Stratos, quando ela fez um cosmonauta polar da estratosfera, algo que o mundo inteiro parou para ver. Financiado inteiro durante dois anos e meio pela empresa. Ali era o ser humano chegando ao limite, o ser humano sonhando sob seu desejo de voar e pulando do espaço sideral de volta para o planeta Terra", completou.

Marcelo Palaia, especialista em marketing esportivo e professor do segmento pela ESPM-SP, afirma que o conceito da Red Bull sempre foi muito definido e tem atingido resultados que devem servir de exemplo para outras empresas da área.

"Desde o princípio ela focou no investimento em um público adolescente e entendeu que estar dentro do esporte, com planejamento estratégico e conteúdo, traria ganhos diversos não apenas de vendas, mas do valor da marca como um todo. Essa organização e agressividade na capacidade de investir fazem dela uma referência não apenas de marketing, mas de ganho técnico. O reflexo dos bons resultados nas equipes que controla, mesmo em pouco tempo, não são por acaso", contou.

Renê Salviano é executivo com mais de 20 anos de experiência profissional em diretoria comercial, de marketing e novos negócios do esporte e dono da agência HeatMap. Ele destaca como o Red Bull já faz há muito tempo o que hoje é considerado referência no mercado.

"Tem muita gente pensando em inovar no esporte. Inovar é tratar como empresa, fazer uma gestão altamente profissional. Veja bem, estamos falando que há quase 15 anos eles já estavam fazendo isso. Então é possível ver como a gente parou no futebol brasileiro, como a gente precisava realmente inovar em todos os sentidos", ponderou.

"Já chegaram profissionais aqui no país há 10 ou 11 anos, ou seja, organização, gestão, planejamento é algo que a gente está se atentando a pouco tempo", completou.

Bruno Maia destaca que a referência do Red Bull pelo mundo mostra que o retorno desejado pela empresa não é apenas de retorno desportivo e que a estabilidade para os que trabalham nas equipes é fundamental.

"O trabalho que está acontecendo com o Red Bull Bragantino no Brasil é semelhante ao que já ocorreu na Europa, nos Estados Unidos e em outros territórios também. Na Europa, o Leipzig já chegou a disputar algumas vezes fases avançadas, chegou até uma semifinal. O que não significa que o que o Red Bull faz é mágico e que vá ser campeão. Várias vezes não acontece e a empresa tem demonstrado até hoje comprometimento de longo prazo com seus projetos esportivos. Nada leva a crer que um eventual fracasso do RB Bragantino vai fazer a coisa desandar", finalizou.

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