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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Convocação do Uruguai busca equilíbrio entre renovação e experiência

O técnico uruguaio Diego Alonso - Alfredo Lopez/Jam Media/Getty Images
O técnico uruguaio Diego Alonso Imagem: Alfredo Lopez/Jam Media/Getty Images

Gabriel Perecini

11/11/2022 09h31Atualizada em 11/11/2022 09h31

Na quinta-feira (10), o Uruguai foi a 17ª seleção a anunciar os nomes que estarão no Qatar para a disputa da Copa do Mundo de 2022. Em um bonito vídeo divulgado nas redes sociais, a lista do técnico Diego Alonso foi relevada.

Entre confirmações de nomes certos e algumas surpresas, a lista pode ser dividida em duas metades: os 13 atletas que já disputaram um Mundial e os 13 estreantes. Mas um olhar mais detalhado mostra o caminho que o ex-centroavante adotou desde a sua primeira convocação, há pouco mais de 10 meses: renovação em campo, experiência fora dele.

Dos 26 convocados, seis possuem 35 anos ou mais. Para efeito de comparação, na Copa do Mundo de 2010, que marcou o retorno da Celeste após a ausência em 2006, não houve nenhum atleta nessa faixa etária. Em 2014 e 2018, apenas um em cada Copa. Essa quantidade de veteranos eleva a idade média do elenco de 2022 para 28,34 anos, a segunda maior nesse período —atrás dos 28,57 de 2014 e à frente dos 28,15 de 2018 e dos 27,10 de 2010.

Agora: se tirarmos os jogadores de 35 anos ou mais, o restante dos atletas possui 26 anos de idade média, contra 27,10 do elenco de 2010. E é essa juventude que Diego Alonso já mostrou que estará em campo. Mais do que a idade dos titulares, muitos com pouca (ou nenhuma) rodagem na seleção ganharam espaço.

Nas nove partidas sob o novo comando, foram 10 estreias. Só na estreia, cinco novidades: três titulares (o goleiro Sergio Rochet, o lateral-esquerdo Mathias Olivera e o meio-campista Facundo Pellistri) e dois vindos do banco (o lateral-direito Darmian Suárez e o meio-campista Agustín Canobbio). Desses, apenas Suárez ficou fora da lista final, com uma lesão muscular.

Essa renovação na equipe principal, que veio desde o primeiro (e decisivo) jogo contra o Paraguai, em Assunção, pelas Eliminatórias, trouxe fôlego novo a uma seleção que, muitas vezes, até criava chances, mas não conseguia imprimir a intensidade de outros tempos e possuía sérias dificuldades de renovação em algumas posições. Agora, com a renovação física e a utilização mais pontual dos experientes, nomes talentosos dessa geração, como Federico Valverde e Rodrigo Bentancur, podem ter mais destaque individual e elevar o patamar desse time.

Ainda são poucos jogos de "Tornado" Alonso à frente da Celeste, mas a evolução no jogo com a bola, mostrando um time mais moderno e veloz, com boa saída desde a defesa, e o aumento da intensidade em todas as fases do jogo trazem uma expectativa diferente da que cercou o Uruguai nas últimas Copas. Apesar de Ronald Araujo, um dos pilares dessa nova era, ainda estar se recuperando de contusão, e da referência Luis Suárez não mostrar a mesma forma de outros tempos, resolverem problemas antigos, como um goleiro mais confiante e laterais mais equilibrados e renovados, ajudou a evoluir o jogo coletivo. Resta saber se a ótima fase da reta final das Eliminatórias também estará junto com os convocados no Catar.