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Allan Simon

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Estreia de Cleber Machado na Record mostra à Globo narrador que ela perdeu

Colunista do UOL

02/04/2023 18h07

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A primeira narração de Cleber Machado fora do Grupo Globo mostrou um profissional que parece já sedento pelos próximos desafios. Com contrato assinado com a Record apenas para os dois jogos da final do Paulistão, o narrador se mostrou muito à vontade em uma nova fase depois de 35 anos na emissora carioca.

É claro que Cleber precisou tomar muito cuidado com as esperadas "gafes" de quem deixa uma empresa após décadas de trabalho. Nas primeiras vezes em que precisou chamar a "deixa" (frase que indica o momento no qual deve entrar uma inserção publicitária na transmissão), era nítido que ele falava mais pausadamente.

Afinal de contas, "Futebol na Record, sua paixão em campo" é um prato cheio para confusões com o slogan que Cleber repetiu tantas vezes: "Futebol na Globo, aqui é emoção".

Algumas coisas ainda soavam muito estranhas e pouco naturais, como as chamadas do programa de Rodrigo Faro, que sucede o futebol na grade da Record. Para quem ouviu tantos anos de chamadas para Faustão e Huck, foi também possível perceber certo cuidado a mais.

Um momento no qual Cleber se mostrou bem mais à vontade, porém, foi na primeira chamada para a transmissão digital alternativa que a Record faz no R7 e PlayPlus. Ele até citou bordões típicos de Silvio Luiz, um dos maiores narradores da história da TV, e chamou a transmissão de um jeito mais carinhoso e com reverência ao locutor.

No geral, Cleber Machado foi o mesmo de sempre, seja com algumas trocas de nomes, brincadeiras e muita conversa com comentaristas. Que o diga o "Jojo" Todinho.

O primeiro gol narrado por ele fora da Globo foi do Água Santa, marcado por Bruno Mezenga, já nos minutos finais do primeiro tempo.

No intervalo, Cleber Machado até apresentou um "merchan" do novo filme de Mario Bros. O narrador já vinha fazendo esse tipo de ação na Globo nos últimos anos, então isso também não era novidade.

No segundo tempo, já mais acostumado, até fez uma brincadeira após a chamada de uma novela bíblica da Record exibida em vídeo com tela dividida. "É a segunda praga (do Egito), não perca", disse Cleber.

Nos minutos finais, o narrador ia errando ao dizer que com empate (até então) na ida, quem ganhasse a final no Allianz Parque se "classificaria", mas em questão de segundos corrigiu transformando em uma saída bem-humorada.

"Quem ganhar semana que vem se classifica. Ah, se classifica... se classifica para dar a volta olímpica", disse Cleber em tom de quem brincou com o próprio erro.

No balanço final, Cleber Machado mostrou que não sentiu a demissão da Globo, onde pretendia se aposentar, mostrou naturalidade e vontade de seguir em frente com a carreira. E também mostrou à Globo o narrador que ela perdeu.

Um grande "senão " da transmissão de hoje foi a Record novamente não ter mandado o time de narração e comentários para o estádio.

Mas isso mudará no jogo de volta. Cleber Machado estará no Allianz Parque para narrar a finalíssima, que já tem contornos de drama.

O Palmeiras precisa vencer por dois ou mais gols de diferença para ser campeão no tempo normal. O Água Santa joga pelo empate. Em caso de vitória alviverde por vantagem mínima, Cleber vai narrar uma decisão de título nos pênaltis. Cenas dos próximos capítulos.