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Até o acaso conspira a favor da condenação de Daniel Alves

No último dia de seu julgamento por agressão sexual, Daniel Alves depôs. Chorou, afirmou que bebeu quase três garrafas (entre vinho e uísque) na noite fatídica, que dançou sensualmente com a mulher que o acusa e que só mentiu sobre a relação sexual supostamente consentida para "não pegar mal" com sua esposa. A esposa que contou que ele chegou em casa tropeçando, mas que na versão de hoje do jogador estava dormindo quando ele chegou em casa. Disse também ter perdido todos os seus contratos e ter "apenas" 50 mil euros na conta.

Cinquenta mil euros, aliás, que é o valor sugerido pela defesa como punição alternativa: um ano de prisão (já cumprido) e essa multa.

Afinal, o que é a vida de uma mulher perto de 50 milhas, não é mesmo?

Mas Alves está, como diriam na terra de mainha, lascado. Como se não bastassem todos os depoimentos e evidências apresentados nos dois primeiros dias, hoje a acusação levou ao tribunal as imagens da câmera de um policial que atendeu a vítima logo após o incidente.

Peço licença para reproduzir aqui o texto dos excelentes colegas Talyta Vespa e Thiago Arantes, fundamentais na cobertura jornalística deste caso:

"O policial estava na equipe que foi até a discoteca Sutton, para atender a um chamado dos responsáveis pelo local. Era a denúncia de agressão sexual contra Daniel Alves. Durante o trajeto para a boate, a câmera de peito do policial foi acionada acidentalmente. Ele só foi perceber horas depois. Durante o período em que a câmera esteve acionada, ele recolheu as primeiras declarações da mulher que denuncia o jogador. No vídeo, a mulher se mostra em estado de choque e diz frases como 'ele me bateu, me jogou no chão'. Ela também fala que não quer denunciar: 'Não quero nada, não quero que meu nome apareça'. O policial insiste para que a mulher vá até o Hospital Clinic de Barcelona para passar por exames."

Como eu disse pela manhã no UOL News Esporte, este caso desbanca diversos mitos das denúncias falsas de estupro e tem no banco dos réus alguém que não para de mentir desde que a história veio a público. É o momento propício para finalmente mostrar aos homens, inclusive aos mais poderosos, que há consequências. E, às mulheres, que há esperança.

Nem que seja com a ajuda do acaso.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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