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Garotinho não vai concorrer ao governo do Rio e lança filha ao Senado

O ex-governador Anthony Garotinho, durante sabatina UOL/Folha com os pré-candidatos ao governo do Rio - UOL
O ex-governador Anthony Garotinho, durante sabatina UOL/Folha com os pré-candidatos ao governo do Rio Imagem: UOL

Do UOL, no Rio

19/07/2022 15h37Atualizada em 19/07/2022 17h27

O ex-governador Anthony Garotinho (União Brasil) não concorrerá ao governo do Rio de Janeiro. A retirada da pré-candidatura foi uma decisão do União Brasil comunicada hoje.

A decisão ocorreu depois de a cúpula do partido garantir a ele a prerrogativa de não apoiar a reeleição de Cláudio Castro (PL), com quem Garotinho rompeu recentemente. No entanto, a família Garotinho não abrirá mão de disputar uma eleição majoritária: a deputada federal Clarissa Garotinho (União Brasil-RJ) foi anunciada como pré-candidata ao Senado.

Em meio à pré-campanha, Garotinho travava uma batalha judicial para deixar de ser considerado inelegível. O ex-governador chegou a obter decisões favoráveis no STF (Supremo Tribunal Federal) e no STJ (Superior Tribunal de Justiça). No entanto, uma nova decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o deixou novamente impossibilitado de concorrer no pleito de outubro.

Uma eventual candidatura depende de um julgamento do STF marcado para agosto, no qual o tribunal irá decidir se a nova Lei de Improbidade Administrativa —que abrandou punições contra políticos— é constitucional. Uma decisão favorável à legislação poderia beneficiar Garotinho.

"Garotinho decidirá até a próxima sexta-feira se será candidato a deputado federal, estadual ou a nenhum cargo. Para tomar a decisão, terá conversas antes com seu grupo político", afirma o comunicado.

Antes de romper com Castro e lançar sua pré-candidatura ao governo do Rio, Garotinho planejava se candidatara a deputado federal, avaliando que poderia se tornar um puxador de votos —em 2010, ele foi o parlamentar mais votado do estado, com aproximadamente 700 mil votos.

Denúncia sobre cargos secretos

Garotinho afirmou ao UOL que Cláudio Castro tentou comprar seu apoio político. Segundo o ex-governador, em uma reunião o governador lhe ofereceu a possibilidade de indicar 520 cargos secretos da Fundação Ceperj (Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos).

O UOL vem mostrando em uma série de reportagens que o governo Castro criou uma folha de pagamento secreta com mais de 18 mil cargos em convênios da fundação com outros órgãos do estado, em projetos de áreas como empregabilidade, esporte e cultura. As contratações ocorrem sem nenhuma transparência: os contratados não têm os nomes publicados no Diário Oficial, nem as remunerações divulgadas no Portal da Transparência. Os salários são sacados na boca do caixa no Banco Bradesco.

Ontem, o UOL mostrou que uma planilha com o detalhamento de gastos envolvendo 9 mil cargos secretos no projeto Casa do Trabalhador, feito em parceria com a Secretaria Estadual de Trabalho e Renda, havia sido nomeada como "governador" por servidoras da pasta, ligando Castro diretamente ao escândalo.

Em edição especial do Diário Oficial publicada ontem, o governo do Rio criou uma Comissão Especial para avaliar possíveis irregularidades nas contratações.