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Weintraub provoca Bolsonaro após ato a embaixadores: 'Discurso da derrota'

Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação - Walterson Rosa/Ministério da Educação
Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação Imagem: Walterson Rosa/Ministério da Educação

Do UOL, em São Paulo

18/07/2022 22h16

Ex-ministro da Educação e pré-candidato ao governo de São Paulo, Abraham Weintraub (PMB) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ensaiou um "discurso da derrota" no encontro realizado nesta segunda-feira (18) com embaixadores de diversos países. Bolsonaro colocou em dúvida o sistema eleitoral brasileiro e levantou suspeitas infundadas sobre a segurança das eleições de 2022.

"Hoje a gente vai discutir o que foi essa reunião com os embaixadores. Para mim, foi um ensaio do discurso da derrota. Fiquei chocado com o tom, na forma, na substância", disse, em transmissão ao vivo pelas redes sociais sob o nome de "O dia da Bravata Internacional".

Weintraub criticou o ex-chefe dizendo que Bolsonaro repetiu "aquele papo de sempre", e ressaltou o tom de derrota. Para o ex-ministro, o presidente estava "murcho" e quis dizer que não seria justo perder a eleição.

"Falou que as Forças Armadas não iam topar uma farsa., mas ia respeitar o resultado nas urnas. [...] Todo esse papo furado. O que a gente já sabe, não teve nenhum fato novo, pelo contrário. [...] Ele já está preparando um discurso de porque ele perdeu as eleições", afirmou.

Paulo Enéas, dono do site Crítica Nacional, e ex-bolsonarista, disse que o evento de hoje foi "menos impactante" do que falas anteriores feitas durante lives de Bolsonaro, mas criticou o que chamou de "espetacularização de assuntos sérios", como o sistema eleitoral. Para ele, os debates sobre urnas deviam seguir o rito constitucional. Enéas também considera que não há sentido no encontro.

"Embaixadores não podem manifestar-se sobre assuntos políticos nacionais e internos no país que eles servem. Então o presidente ter se reunido com embaixadores para tratar desse problema que é um assunto interno brasileiro, eu não vejo sentido. [...] Vai fazer o que, o embaixador? Vai ouvir aquilo tudo, levar para sua embaixada e fazer o que com aquilo", questionou.

Arthur Weintraub, irmão de Abraham, e ex-assessor da presidência da República, também criticou os escolhidos para o encontro: "Presidente fala para presidente, o embaixador fala para embaixador", disse. Arthur também criticou o fato de Bolsonaro ter sido repetitivo e seguido a mesma linha de sempre.

O que disse Bolsonaro

Em seu pronunciamento, Bolsonaro falou, principalmente, sobre um inquérito aberto pela PF (Polícia Federal), em 2018, que apurou uma invasão cibernética aos sistemas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Desde que o presidente vazou esse documento em suas redes sociais, no ano passado, o TSE sustenta que o ataque hacker não levou risco à integridade às eleições daquele ano.

O presidente também repetiu mais de uma vez uma reclamação recente do Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, de que o TSE não teria aceitado sugestões das Forças Armadas para aprimorar o sistema eleitoral.

Aos embaixadores, Bolsonaro ainda fez insinuações de que nenhum dos ministros seria imparcial o suficiente para conduzir o processo eleitoral. "O que nós queremos? Paz e tranquilidade. Agora: por que um grupo de apenas três pessoas apenas [Fachin, Barroso e Moraes], três pessoas, quer trazer estabilidade para o nosso país?", questionou.

Fachin e Barroso reagiram às declarações. O presidente do TSE, que esteve no lançamento de uma campanha da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), afirmou que "há inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade pública importante dentro de um país democrático", sem citar Bolsonaro nominalmente.

Já Barroso rebateu um trecho específico da fala de Bolsonaro, no qual o presidente acusa o ministro de ter participado de um evento chamado "Como se livrar de um presidente", nos Estados Unidos. Em nota, o ministro afirmou que sua palestra teve o tema "Populismo Autoritário, Resistência Democrática e Papel das Supremas Cortes", e que o conteúdo da apresentação é público.