Após cortejo, PT contra-ataca bolsonaristas com discurso de não sair na rua
A estreia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas ruas no último sábado (2) provocou uma mudança na estratégia de comunicação petista: com o bom resultado da caminhada no centro de Salvador, o PT quer reverter contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) o discurso de que não consegue andar nas ruas.
No fim de semana, os dois foram a Salvador para as festas de independência da Bahia. Além de um grande ato na Arena Fonte Nova, Lula decidiu de última hora participar, a pé, do tradicional cortejo no centro da cidade. Bolsonaro fez uma motociata pela orla da cidade.
Lula andou por cerca de uma hora pelo centro de Salvador ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa; do senador Jaques Wagner (PT-BA); do ex-secretário Jerônimo Rodrigues (PT), pré-candidato ao governo do estado; do governador Rui Costa (PT); e da deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do partido.
A participação do petista no cortejo foi decidida de última hora, depois de uma semana de debate com a equipe. Os ataques recentes em eventos públicos e a presença de Bolsonaro na cidade fizeram com que a pré-campanha ficasse receosa quanto à aproximação do petista e da multidão.
Lula bateu o pé. Além de se sentir mais à vontade, o ex-presidente queria combater a todo custo o discurso de opositores —principalmente bolsonaristas— de que ele não consegue sair nas ruas. A iniciativa não só buscava enfraquecer esta narrativa como, agora, pretende revertê-la.
Diferente de Ciro Gomes (PDT) e da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que também participaram do cortejo, Bolsonaro optou por seguir em uma motociata —marca da sua pré-campanha— junto ao ex-ministro da Cidadania João Roma (PL), pré-candidato ao governo do estado, num trajeto na orla de cerca de 13 km, entre o Farol da Barra e o Parque dos Ventos.
A comparação entre os dois atos, preocupação entre ambos os grupos na véspera, repercutiu rapidamente pela internet e está sendo usada pelo PT para contra-atacar o discurso de bolsonaristas.
A partir de agora, lulistas deverão repetir que quem prega para convertidos dentro de uma "bolha" é Bolsonaro, não Lula, e que os eventos do presidente são voltados ao "cercadinho" —referência aos apoiadores que vão à frente do Palácio do Planalto conversar com o presidente.
Dentro do PT, o discurso é que o feitiço virou contra o feiticeiro. Já no domingo (3), um dia após os atos, Gleisi foi às redes sociais dizer que o presidente "calcula os lugares que vai, junto com muita segurança, para dizer que está no meio do povo" e "prefere motociatas, onde o povo não está".
Preocupação com a segurança segue
A incursão em uma multidão aberta pela primeira vez nesta pré-campanha, no entanto, não deverá se tornar tão frequente —pelo menos por enquanto— e deverá depender da região visitada.
Apesar da participação em algo público, sem controle de acesso, e com tantas pessoas ser preocupante em qualquer local, a Bahia, governada há quase 16 anos pelo PT, é um estado em que o ex-presidente tem apoio significativo.
A figura muda, no entanto, em locais como o Centro-Oeste e cidades mais conservadoras no Sul do país.
Em viagem ao Rio Grande do Sul, no mês passado, ele só participou de eventos fechados, com revista e detector de metais.
A questão da segurança foi, aliás, uma das justificativas oficiais que a pré-campanha alegou para cancelar a viagem a Santa Catarina.
Nestes locais, mais hostis ao petista, é improvável que faça aparições desta forma. A previsão, para quando a campanha começar de fato, em agosto, é que haja eventos abertos, ao ar livre, em praças ou avenidas, mas sem contato direto e tão próximo à multidão.
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