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Pré-candidata do PSOL no PR propõe desmilitarização e guarda humanizada

Henrique Sales Barros e Matheus Mattos

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/06/2022 10h24Atualizada em 01/06/2022 12h34

Angela Machado (PSOL), pré-candidata ao governo do Paraná, defendeu hoje que a Polícia Militar seja "desmilitarizada" e unida com a Polícia Civil, formando um único corpo policial no estado.

"Achamos que uma polícia deve ser humanizada, que se deve investir na inteligência e deve haver uma polícia única, que investigue e esteja atendendo a população", disse durante sabatina promovida pelo UOL e pela Folha de S.Paulo.

Para Angela, também se faz necessário que ocorra uma "municipalização" da política de segurança pública no Paraná, com guardas civis municipais ganhando mais protagonismo para atuar na vida comunitária e ser mais humanizada.

Também defendeu o direito de greve dos policiais, apesar de ser vetado pela Justiça. "Se fosse uma polícia desmilitarizada, já não teria esse problema [de impeditivo de greve]. Defendo o direito de greve de todo trabalhador, é um instrumento legal em todas as outras categorias, é a forma como se negocia com o patrão. Os PMs no Paraná estão há meses em greve e é muito justa a luta deles."

Professora da rede pública, ela se tornou mais conhecida após um fotógrafo registrá-la diante de um batalhão de policiais com escudos durante os protestos contra a reforma da Previdência dos servidores públicos no Paraná em 2015. Nos dias seguintes, inclusive, segurou balas de borracha utilizadas na repressão das manifestações.

Ela criticou o projeto das escolas militares. "Aqui no Paraná, o Ratinho Júnior está a cabo de toda essa política do Bolsonaro. Já ficou provado que elas [escolas militares] não funcionam.] Não trouxe nada de benéfico", afirmou.

"Aqui no Paraná, até os uniformes dos alunos foram comprados em outros estados e até no Paraguai. Nem sequer para fazer com que desse lucro para os paranaenses isso serviu. Eu, como professora, sempre defendi que as escolas tenham psicólogos, assistentes sociais, que se invista em educação adequadamente."

O atual governo foi seu principal foco de críticas. "O Estado terceiriza, privatiza, e isso só piora a qualidade, em todos os sentidos. Eu, como governadora, vou pensar em políticas que tragam tudo isso para os alunos, para as famílias, para que a escola seja um local seguro."

Ela disse que o agronegócio "não precisa do governo" e que vai incentivar o pequeno agricultor. "Meu governo é para os de baixo, para os 99% da população que historicamente têm tido seus direitos negados."

"Vamos incentivar quem não desmata, quem protege mata ciliar, quem produz produtos orgânicos, vamos incentivar as cooperativas", disse.

Ela afirmou que vai tirar dinheiro para viabilizar suas propostas das "renúncias fiscais absurdas". "Esse dinheiro de renúncia fiscal pode ser investido em educação, na área de saúde, em muitos outros setores, que até então, quem governa para essas empresas, vai privilegiar sempre os de cima. E já estudamos que existe possibilidade, sim. Não fazendo renúncias fiscais, abrindo a caixa preta de serviços sem licitação, fazendo tudo isso, a gente acredita que podemos ter dinheiro."

Ela ainda considerou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como "a melhor ferramenta que temos para derrotar" o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, mas criticou o Partido dos Trabalhadores.

"A política de conciliação de classes que ele [Lula] já fez e demonstra a todo o tempo todo agora é uma coisa que o PSOL critica, e sou de uma ala do PSOL que quer resgatar aquilo pelo qual o partido foi fundado: não concordar com o PT", disse Angela em sabatina promovida pelo UOL e pela Folha de S.Paulo.

Ainda assim, Angela reafirmou apoio ainda no primeiro turno ao ex-presidente Lula, dizendo que ela e o partido farão campanha para o petista. "A tarefa número zero é varrer o Bolsonaro da Presidência", declarou.

A entrevista aconteceu ao vivo, com uma hora de duração e com transmissão pela internet nos sites e perfis nas redes sociais do UOL e da Folha. Os entrevistadores foram Kennedy Alencar e Alberto Bombig, colunistas do UOL, e Ana Luiza Albuquerque, repórter da Folha.

Calendário das sabatinas no Paraná

  • 02/06 - 10h - Ratinho Jr. (PSD)
  • 03/06 - 10h - Roberto Requião (PT)

Nas próximas semanas, também serão feitas sabatinas com candidatos ao governo de Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Sul.