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Freixo critica Moro, defende aliança com PT e diz que Castro serve à máfia

Henrique Sales Barros e Jessica Bernardo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/05/2022 10h30Atualizada em 20/05/2022 15h06

O pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro Marcelo Freixo (PSB) afirmou que o Brasil passa por um "momento agudo" e defendeu a aliança nacional de seu partido com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva. "A eleição de 2022 é a mais importante da nossa vida, neste momento da recente democracia brasileira —té porque, ela pode ser a última", comentou, sobre as recentes falas golpistas de Jair Bolsonaro (PL).

Ele também criticou o atual governador, Cláudio Castro (PL), em relação às investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido há quatro anos e ainda sem desfecho. Ao falar sobre combate à corrupção, disse que o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro fez "muito mal para o Judiciário brasileiro".

As declarações foram feitas durante sabatina UOL/Folha, que teve como entrevistadores os colunistas do UOL Kennedy Alencar e Chico Alves e o repórter da Folha de S. Paulo Italo Nogueira.

Questionado sobre a preocupação de alguns nomes do PT em relação ao apoio do partido para ele, Freixo disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em estado de "ânimo" com as eleições para o governo fluminense e rechaçou qualquer possibilidade de conflito com o PT.

"Temos diferenças, mas estamos agora buscando coisas em comum, que são as mais importantes", disse. "Eu vou para o PSB para construir um projeto de frente ampla, para virar a página e colocar o Rio de pé. Isso é prioridade absoluta, e foi muito conversada com o PSB, com o PT, com o PSOL, com o PV, com a Rede e com setores da sociedade civil", acrescentou.

Ele chamou a atual frente com seis partidos no Rio de "inédita na história", apesar de ainda travada pela vaga no Senado, que tem as pré-candidaturas de Alessandro Molon, do PSB, e de André Ceciliano, do PT, em discussão.

"O debate sobre o Senado... as direções nacionais vão decidir. Existem acordos para que essa aliança seja feita, e esses acordos vão ser cumpridos. Tanto a direção do PSB como do PT vão chegar o mais rápido possível a um consenso, não tenho dúvidas disso. O mais importante é uma aliança com capacidade de dialogar com amplo setores, com ampla governança, para tirar a máfia que está no Rio hoje."

Freixo também defendeu a ida de Geraldo Alckmin para o PSB e disse que a união de diferentes setores da política representa um passo importante neste ano.

"Se você pegar dez anos atrás, você nunca imaginaria que o Alckmin seria vice do Lula, porque a conjuntura era diferente. Hoje, há uma necessidade e é algo que vai fazer muito bem para o Brasil."

Ele também rejeitou o rótulo de radical, dizendo que sempre trabalhou pelo diálogo entre os setores.

"O reconhecimento que se tem pela minha trajetória política não é de radicalidade, e fazer uma CPI das Milícias, só faz uma na Alerj, quem tem capacidade de diálogo e de articulação", comentou, relembrando sua atuação em 2008 na Assembleia Legislativa.

Ao falar sobre a investigação do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, disse que o atual governador do Rio, Cláudio Castro, "deveria ter vergonha de não tocar nesse assunto" e que o mandatário está cada dia mais parecido com o ex-governador Sérgio Cabral, hoje preso por condenações na Operação Lava Jato.

"Como o Cláudio Castro foi tão absorvido por essa máfia no Rio, hoje ele é muito usado por essa máfia, que esteve em tantos governos e que querem o Cláudio Castro reeleito para continuar a estrutura corrupta 'do 'toma lá, dá cá'—, certamente ele acabou fazendo acordos com quem não devia", afirmou.

Questionado sobre a Lava Jato, disse que o combate à corrupção não pode ser uma pauta da esquerda ou da direita, mas criticou a atuação de Sergio Moro como juiz na operação.

"O que o Sergio Moro fez foi uma debilidade. Primeiro, ele tentou se construir num papel de herói, o que não cabe a ninguém, nem no Executivo, nem no Legislativo e muito menos no Judiciário. Ele criou um projeto político, um projeto partidário, pessoal, e ele fez muito mal ao Judiciário, ao combate à corrupção, ao Brasil", disse.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada em abril, há um empate técnico na liderança entre o deputado federal Marcelo Freixo e o atual governador, Cláudio Castro (PL).

O terceiro lugar traz oito candidatos tecnicamente empatados: Anthony Garotinho (União Brasil), com 7%; Rodrigo Neves (PDT), com 5%; Eduardo Serra (PCB), com 4%; General Santos Cruz (Podemos), também com 4%; Cyro Garcia (PSTU), com 3%; André Ceciliano (PT), com 2%; Felipe Santa Cruz (PSD), com 2%; e Paulo Ganime (Novo), que tem 1% das intenções de voto.

A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Veja os números:

  • Marcelo Freixo (PSB): 18%
  • Cláudio Castro (PL): 14%
  • Anthony Garotinho (União Brasil): 7%
  • Rodrigo Neves (PDT): 5%
  • Eduardo Serra (PCB): 4%
  • General Santos Cruz (Podemos): 4%
  • Cyro Garcia (PSTU): 3%
  • André Ceciliano (PT): 2%
  • Felipe Santa Cruz (PSD): 2%
  • Paulo Ganime (Novo): 1%
  • Brancos e nulos: 30%
  • Indecisos: 9%

Calendário das sabatinas no Rio

  • 20/5 - 16h - Cláudio Castro (PL)

Nas próximas semanas, também serão feitas sabatinas com candidatos ao governo do Paraná, Pernambuco, Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul.