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PSB oficializa apoio à candidatura petista: 'Lula e Alckmin lá'

Lula, Carlos Siqueira e Alckmin em evento do PSB - Reprodução/YouTube
Lula, Carlos Siqueira e Alckmin em evento do PSB Imagem: Reprodução/YouTube

Mariana Durães e Luma Poletti

Do UOL, em São Paulo e Colaboração para o UOL, em Brasília

28/04/2022 20h44Atualizada em 28/04/2022 23h39

"Lula e Alckmin lá". O bordão da campanha de 1989 do ex-presidente da República ganhou hoje a companhia do antigo adversário, Geraldo Alckmin, no dia em que o PSB, a nova casa do ex-tucano, oficializou o apoio à pré-candidatura do petista ao Planalto.

A posição foi marcada na noite desta quinta-feira (28) no XV Congresso Constituinte da Autorreforma do PSB, iniciado com quase uma hora de atraso em um hotel em Brasília.

Lula foi ovacionado ao chegar. "Seja muito bem-vindo, presidente Lula, ao Partido Socialista Brasileiro", saudou o presidente da legenda, Carlos Siqueira. "Haveremos de vencer este governo nefasto nas próximas eleições", completou. Agora filiado ao PSB, Alckmin será o vice da chapa.

Siqueira disse que o partido pretende apresentar propostas ao comitê de campanha da chapa Lula-Alckmin: "A contribuição eleitoral é muito importante, mas é igualmente importante a contribuição que o partido possa dar nesse momento".

Após a fala inicial de Siqueira, o congresso contou com um ato em homenagem aos 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. "Lula e Alckmin lá", disse Antônio Carlos Queiroz, um dos convidados a palestrar no evento do partido, que se estende até sábado (30).

Também estiveram presentes os governadores Renato Casagrande (ES), João Azevedo (PB), Paulo Câmara (PE), Carlos Brandão (MA), além do prefeito de Recife, João Campos, e o líder do partido na Câmara, deputado Bira do Pindaré. Entre os petistas, compareceram a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), o líder do partido na Câmara, deputado federal Reginaldo Lopes (MG), e o líder no Senado, Paulo Rocha (PA).

A aliança entre Lula e Alckmin, que até pouco tempo atrás era considerada improvável, vem sendo desenhada desde o segundo semestre de 2021. Mas a indicação do ex-governador e ex-adversário do petista foi entregue oficialmente pelo diretório nacional do PSB em um evento em São Paulo no dia 8 de abril, com a presença dos dois. No último dia 13, o diretório nacional do PT aprovou a coligação com o PSB e a indicação a vice na chapa presidencial. Na ocasião, além da aliança, também foi aprovada a federação com o PCdoB e o PV.

Lula nas camisas da militância do PSB

No evento de hoje, uma camisa com os dizeres "Lula Presidente" e uma foto do petista com punho cerrado, era vendida por R$ 50 em uma lojinha montada pelo PSB no saguão do hotel. O item foi sucesso entre os presentes, e quase esgotou antes mesmo da cerimônia começar.

Camiseta com estampa de Lula vendida a R$ 50 em evento do PSB, partido de Geraldo Alckmin, pré-candidato a vice na chapa do petista - Luma Poletti/UOL - Luma Poletti/UOL
Camiseta com estampa de Lula vendida a R$ 50 em evento do PSB
Imagem: Luma Poletti/UOL

Uma outra, estampada com uma foto de Alckmin e Lula juntos, era exibida por alguns participantes, mas não vendida no local. Confeccionada pelo Movimento Popular Socialista, a blusa é distribuída apenas internamente, para a militância do PSB.

Camiseta com imagens dos hoje aliados Alckmin (PSB) e Lula (PT) - Luma Poletti/UOL - Luma Poletti/UOL
Camiseta com imagens dos hoje aliados Alckmin (PSB) e Lula (PT)
Imagem: Luma Poletti/UOL

Tanto Lula quanto Alckmin, antigos adversários em disputas presidenciais, falaram sobre a superação de divergências. "Isso [Lula e Alckmin juntos] chama-se política. Isso chama-se maturidade. Isso chama-se compromisso com esse país e compromisso com o povo brasileiro. (...) Nunca antes na história desse país, o Brasil precisou tanto de nós como ele está precisando agora", disse o ex-presidente.

Alckmin afirmou que os dois hoje estão "unidos por um dever". "Nós nos defrontamos em eleições, disputamos o mesmo cargo, o fizemos dentro da regra democrática. Hoje, estamos unidos por um dever. A política é olhar o interesse público, o interesse das pessoas, é mudar o Brasil. Recuperarmos esse país", afirmou.

Apoio da Rede

No início da tarde, Lula participou de evento com dirigentes da Rede organizado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em um hotel de luxo em Brasília. O encontro reuniu parte das lideranças da sigla, que declarou apoio ao projeto presidencial do PT com Lula.

Mas um desfalque chamou a atenção. Marina Silva, fundadora da Rede, não compareceu, alegando questões de agenda. A ex-senadora e ex-ministra de Lula tem sido reticente à ideia de apoio público ao petista, mesmo com tentativas de reaproximação por parte de Lula. O ex-presidente lamentou a ausência.

Decisão da ONU

No início da noite, antes do evento do PSB, Lula comemorou uma decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que concluiu que o ex-presidente sofreu um processo parcial por parte da Justiça brasileira. Peritos apontaram que as conversas entre ele e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foram "interceptadas ilegalmente". A constatação faz parte da decisão de 35 páginas publicadas hoje (28) em Genebra.

O Comitê determinou que o governo brasileiro deve divulgar a decisão em seus canais de comunicação e que tem 180 dias para informar de que maneira pretende remediar os danos causados ao ex-presidente. "Hoje eu estou feliz, a decisão do tribunal da ONU lavou a minha alma. E eu só quero que a imprensa, que divulgou tantas mentiras sobre mim, peça desculpas e admita que foi enganada por Moro e Dallagnol", declarou o ex-presidente.