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Marina Silva não irá a evento de lideranças da Rede em apoio a Lula

Marina Silva (Rede), ex-ministra e ex-senadora, em foto de arquivo - Valter Campanato/Agência Brasil
Marina Silva (Rede), ex-ministra e ex-senadora, em foto de arquivo Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Juliana Arreguy e Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

27/04/2022 22h10

A ex-ministra Marina Silva não estará presente em evento de apoio de lideranças da Rede à candidatura do ex-presidente Lula (PT), programado para amanhã (28). A informação foi confirmada ao UOL por diferentes fontes do partido.

Encabeçado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o evento, marcado para as 11h30 em um hotel de luxo em Brasília, reunirá parte das lideranças da sigla. A reportagem apurou que a reunião foi decidida em cima da hora, o que vem sendo utilizado como justificativa pelos desfalques de alguns dirigentes do partido —incluindo Marina.

Giovanni Mockus, presidente da Rede em São Paulo, afirma que o evento é uma iniciativa isolada de Randolfe e de outros líderes, e que não reflete a posição oficial da legenda.

"É um cuidado que a gente está tentando tomar, porque não é um apoio da Rede. A rede tem liberado os filiados, porque há divergências entre as lideranças para discutir se devemos apoiar Lula ou Ciro Gomes. Essa reunião [de amanhã] é de um grupo de filiados, junto do senador Randolfe, que está optando por apoiar o Lula, mas isso não é um apoio institucional", afirmou ao UOL.

O presidente estadual da Rede, que já tinha compromisso marcado no interior de São Paulo, também não estará presente. Ele diz ser necessário avaliar internamente o programa de governo de Lula; caso seja compatível com os princípios do partido, aí, sim, seria possível discutir um apoio formal.

"É uma iniciativa isolada dentro dessa resolução de liberação dos filiados. Mas eu acho, como fundador do partido e presidente do partido em São Paulo, que um evento desses deveria ser feito em cima de um programa debatido com o partido, e isso não aconteceu. Pode ter acontecido uma discussão de pontos programáticos no gabinete do senador Randolfe, mas isso não ocorreu a nível nacional", explica.

Randolfe já faz parte da pré-campanha de Lula e tem sido o principal defensor de que a legenda apoie o petista desde o primeiro turno. Ele também tem pressionado para que o diretório da Rede em São Paulo integre a campanha de Fernando Haddad (PT) ao governo paulista, insistência que provocou desconforto no diretório local.

Mockus admitiu que há "conversas avançadas" para aderir à campanha de Haddad, mas reforçou que isso segue a liturgia partidária: "Estamos formulando um conteúdo programático para articular uma construção de fato com o Haddad, mas não vi isso acontecendo com o Lula até o momento."

Marina: ausência simbólica

Por mais que a justificativa seja o conflito de agenda, a ausência de Marina Silva é simbólica. A ex-senadora e ex-ministra de Lula tem sido reticente à ideia de apoio público ao petista, mesmo com tentativas de reaproximação por parte de Lula.

Partidários disseram à reportagem que ela concorda com uma união partidária pela derrocada de Jair Bolsonaro (PL), mas que ainda não esqueceu da campanha difamatória do PT contra sua candidatura presidencial em 2014. Em março deste ano, Marina disse ao jornal O Globo que estava aberta a conversas com o PT desde que o partido fizesse "uma autocrítica".

Outra voz dissonante é a da ex-senadora Heloísa Helena (Rede-RJ), ex-petista e ex-fundadora do PSOL, que também é contra o apoio a Lula no primeiro turno. Na federação aprovada com o PSOL, os dois partidos deixaram clara a independência para apoio nacional.

O UOL procurou Marina Silva e Heloísa Helena, mas não teve retorno até a publicação da reportagem.