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Em almoço com empresários, '3ª via' mira críticas a Lula e Bolsonaro

18.fez.2022 - Os pré-candidatos Sergio Moro (Podemos), Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe d"Avila (Novo) durante evento com empresários em São Paulo - Renato S. Cerqueira/Estadão Conteúdo
18.fez.2022 - Os pré-candidatos Sergio Moro (Podemos), Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe d'Avila (Novo) durante evento com empresários em São Paulo Imagem: Renato S. Cerqueira/Estadão Conteúdo

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

18/02/2022 19h27

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram os alvos das críticas nos discursos dos pré-candidatos que se veem como "terceira via" na disputa ao Palácio no Planalto.

Sergio Moro (Podemos), Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe D'Avila (Novo) participaram de um evento empresarial, hoje, em São Paulo, e, em suas falas, citaram supostos casos de corrupção da gestão de Lula e atacaram Bolsonaro usando termos como "populista", "incontrolável" e "negacionista".

Foi um "almoço-debate" para os empresários do grupo Lide —que tem o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) como um dos fundadores do grupo empresarial. Mas ele não compareceu. Quem apresentou o evento foi seu filho, João Doria Neto.

'Centro tem de caminhar junto'

As críticas mais ácidas vieram do ex-juiz Sergio Moro, que foi ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, e de D'Avila, que é cientista político. Tebet, senadora pelo MDB, não deixou de dar opiniões contra o petista e o capitão reformado, mas as fez de forma mais amena.

Ela centrou suas considerações na ideia de uma união de candidaturas como alternativa a Lula e Bolsonaro. "Não podemos continuar com esse radicalismo. Nós entendemos de política para saber que o centro, lá na frente, tem de caminhar junto. O Brasil é governado por alguém incontrolável, que flerta com regimes autoritários e faz discursos de ódio", disse.

Já Moro abriu sua fala avisando aos convidados que faria críticas. "Temos que parar com essa história de que a eleição está dada porque começamos a ver isso se concretizar. Temos vários meses até outubro. Tenho visto uma insatisfação entre esses dois extremos", disse.

Para o ex-juiz, a candidatura de Lula é "baseada numa mentira" e Bolsonaro é um "governo que não deu certo".

"[A candidatura de Lula] é baseada numa mentira. A gente sabe o que aconteceu nos governos passados, os escândalos de corrupção, o Brasil que foi levado a pior recessão da história", acusou o ex-ministro.

"E Bolsonaro... Pode ter gente que eventualmente goste, mas é um governo que não deu certo. Temos estagnação econômica, desemprego, fila para pegar ossos, gente caçando lagarto para sobreviver. O governo que abandonou as promessas que fez em 2018", atacou Moro, que seguiu suas falas se colocando como alternativa "entre os piores".

Moro criticou os ministros do Supremo Tribunal Federal pela anulação das condenações de Lula, ao ser questionado sobre como seria sua relação com a Corte.

"Tenho um respeito institucional pelo Supremo, que tem ótimos ministros. Mas essa anulação da condenação do presidente Lula é um baita erro judiciário. [Anular o processo] com base numa fantasia? Por que foi perseguido? Foi escondida alguma prova? Fraudada alguma prova?", questionou Moro, que foi aplaudido pelos empresários.

D'Avila também desaprovou Lula e Bolsonaro ao longo de seu discurso, chamando-os de populistas. "Temos que destruir o populismo no Brasil. Não tem como o Brasil crescer de forma sustentável com o populismo", afirmou.

Para os três candidatos, a ideia é seguir em campanha separadas, por enquanto. Mas, antes do primeiro turno, eles defendem que as candidaturas de centro se unam em torno de apenas um nome, para não dividir votos e conseguir chegar ao segundo turno.

"Precisamos testar quem tem aderência no discurso popular. Eu fico bravo quando vejo a classe empresarial já puxando o saco do Lula, é uma traição aos nossos filhos e netos", disse d'Avila.

"Existe, sim, uma necessidade de união entre os candidatos. O importante é a gente construir um projeto conjunto para que nós possamos vencer esses extremos", concluiu Moro.