Topo

Em meio a conversas sobre federação, PCdoB decide apoiar Haddad em SP

Fernando Haddad em sua casa, durante entrevista à Folha de S. Paulo - Marlene Bergamo/Folhapress
Fernando Haddad em sua casa, durante entrevista à Folha de S. Paulo Imagem: Marlene Bergamo/Folhapress

Leonardo Martins e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

18/02/2022 04h00

O PCdoB decidiu que irá apoiar a pré-candidatura do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo. O anúncio oficial deve ser feito no sábado (19), segundo o UOL apurou.

Esse movimento pode gerar ruído nas negociações da federação entre PT, PCdoB, PV e PSB. Um dos pontos que já causa discussões entre os partidos é justamente a eleição paulista, já que o ex-governador Márcio França (PSB) também quer disputar o Palácio dos Bandeirantes.

Com a federação, os quatro partidos precisariam atuar como um só em todo território nacional, com apenas um candidato a cada governo estadual. Para fazer a federação, o PSB tem ressaltado que uma de suas prioridades é a candidatura ao governo paulista. Os quatro partidos têm mantido reuniões constantes desde o início do ano para acertar a questão. A federação precisa ser formada até 31 de maio.

Uma das lideranças do PCdoB em São Paulo, o deputado federal Orlando Silva preferiu não cravar a decisão e disse ao UOL que, no sábado, "é provável que o partido aponte nesse sentido", de apoiar Haddad. Silva preferiu não comentar a escolha em si, mas disse que vai acompanhar a posição do partido. Nos bastidores, porém, o PCdoB já avisou Haddad e aliados sobre a decisão.

Para o deputado, em se confirmando a decisão do PCdoB, ela não deve afetar a federação. Silva defende que os partidos mantêm sua autonomia e, se na federação houver uma posição diferente, o partido seguirá o grupo.

O PV paulista, porém, acha que seria melhor ter esperado o acerto do grupo para se decidir por um apoio entre Haddad ou França.

"Está tendo uma negociação em Brasília para discutir a federação. Não adianta você querer fazer um jogo debaixo para cima. É uma antecipação que inviabiliza a possibilidade de fechar uma federação com mais tranquilidade", diz Marcos Belizário, presidente do diretório estadual do PV em São Paulo.

No entorno de Márcio França, conforme apurou a reportagem, o apoio do PCdoB a Haddad não foi uma surpresa devido à afinidade história entre a sigla e o PT e a decisão não deve atrapalhar as conversas.

Critérios para escolha do candidato

Nos últimos dias, França e Haddad têm falado em se definir critérios para a escolha do candidato ao Palácio dos Bandeirantes —uma das alternativa é usar as pesquisas de intenção de voto em determinado momento do ano.

Apesar de problemas em São Paulo e no Rio Grande do Sul —onde PSB e PT também disputam a candidatura para o governo—, a expectativa é que os partidos consigam aparar as arestas e formar uma federação.

O PV e o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), que será vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto, já foram escalados para ajudar nas tratativas entre PT e PSB.

O desejo dos partidos é bater o martelo sobre federação até meados de março, o que permitiria que os descontentes possam mudar de sigla até o fim da janela partidária, em 1º de abril.