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Lula ataca Moro: 'Nem considero candidato'; ex-juiz reage: 'Tem medo'

O ex-presidente Lula (PT) e o ex-ministro Sergio Moro (Podemos) - Carla Carniel/Reuters e Rodolfo Buhrer/Fotoarena/Estadão Conteúdo
O ex-presidente Lula (PT) e o ex-ministro Sergio Moro (Podemos) Imagem: Carla Carniel/Reuters e Rodolfo Buhrer/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo*

15/02/2022 10h01Atualizada em 15/02/2022 13h53

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não considera o ex-juiz, ex-ministro da Justiça e presidenciável Sergio Moro (Podemos) como candidato nas eleições de 2022. Moro rebateu às afirmações do adversário em seu Twitter: "[Ele] Tem medo da Lava Jato e do que o meu projeto representa".

À Rádio Banda B, de Curitiba, Lula afirmou: "Ele [Moro] foi uma invenção. Um boneco de barro criado pela mídia brasileira que está desmoronando. Eu não considero ele nem candidato. O papel que dele está fazendo em cada entrevista é tão ridículo que eu quero que ele apareça mais. Eu quero que ele seja desnudado da toga. Aquele homem sem toga não vale nada."

Para o petista, Moro sempre "teve a pretensão de ser político" e agora, ao contrário de quando era juiz da Operação Lava Jato, vai poder "provar quem ele é" ao responder perguntas.

Esse cidadão sempre teve a pretensão de ser político. Ele sempre teve a pretensão de sair da mediocridade enquanto ele é como pessoa humano para ganhar notoriedade na política. E agora ele tem uma chance. Ele não vai ter mais unanimidade na imprensa, não vai ser capa de todas as revistas, não vai ganhar dinheiro para palestrar.

Nós tivemos cinco anos de Moro aparecendo de forma favorável e o Lula de forma desfavorável. Agora ele pode provar o que ele é. Porque quando ele era juiz, ele não respondia a nenhuma pergunta.
Ex-presidente Lula à Rádio Banda B

Ao comentar a sua prisão em 2018, Lula também disse ser "um homem de cabeça tranquila" porque sabe que a verdade vence. Ele afirma reconhecer o que fez no passado e saber o que ainda "precisa fazer neste país", enquanto o Moro "não sabe o que fez, nem o que vai fazer".

"A impressão que eu tenho a cada vez que ele [Moro] fala é que ele sabe cada vez menos das coisas deste país."

Apesar das críticas, Lula afirmou que é importante ter Moro como candidato e que ele não escolhe seus adversários.

"Eu vou disputar as eleições com tantos quantos sejam candidatos. Quem vai escolher os adversários que vão disputar as eleições e ganhar é o povo brasileiro. E quando ele decidir, obviamente, eu me submeto à decisão do povo, e sempre foi assim", concluiu.

Moro rebate

O ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro rebateu as afirmações do adversário em seu Twitter.

"O destempero do Lula confirma o que sempre pensei: ele tem medo da Lava Jato e do que o meu projeto representa. Não preciso da toga para enfrentar ninguém. A verdade basta", disparou Moro.

Pesquisa eleitoral

A pesquisa Ipespe divulgada no último dia 11 de fevereiro mostrou o ex-presidente Lula na liderança da corrida presidencial, com 43% das intenções de voto. O presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição, aparece em segundo lugar, com 25%. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o ex-juiz Sergio Moro vêm na sequência, ambos com 8%, e empatam dentro da margem de erro com João Doria (PSDB), que ficou com 3%.

Em comparação com levantamento anterior, realizado há mais de 15 dias — com o mesmo cenário estimulado para o primeiro turno —, Lula tinha 44% dos votos e, portanto, oscilou negativamente dentro da margem — que é de 3,2 pontos percentuais. Já Bolsonaro oscilou positivamente, de 24% para 25%. Ciro e Moro ficaram estáveis. Doria oscilou positivamente de 2% para 3%.

Embora Lula lidere com folga, os números não garantem que ele saia vitorioso no primeiro turno se a eleição fosse hoje. O petista tem 43% das intenções de votos e seus adversários, 46%.

Para dispensar a necessidade do segundo turno, o petista teria que ter um percentual maior que todos os demais candidatos juntos. Dentro da margem erro, Lula fica entre 46,2% e 39,8%. A soma dos demais fica entre 49,2% e 42,8%. Ou seja, a possibilidade existe, mas dentro da margem de erro.

A pesquisa Ipespe foi realizada entre os dias 7 e 9 de fevereiro e ouviu mil pessoas com 16 anos ou mais em todas as regiões do país. A coleta das opiniões foi feita por telefone, e a margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com índice de confiança de 95,5%. O levantamento foi encomendado pela XP Investimentos e registrado junto à Justiça Eleitoral sob o protocolo BR-03828/2022.

*Com Caíque Alencar, do UOL, em São Paulo