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Lira diz que apoiará Bolsonaro e manda recado a Lula sobre Congresso

Do UOL, em São Paulo*

15/02/2022 08h46Atualizada em 15/02/2022 13h54

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), declarou que irá fazer campanha para a reeleição do presidente, Jair Bolsonaro (PL), nas eleições deste ano.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Lira também mandou um recado ao ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afirmar que a revogação do "teto de gastos" e de reformas comentadas pelo petista não devem passar facilmente pelos políticos de centro-direita do Congresso.

Sim. Acho que é coerente [fazer campanha para o Bolsonaro]. Meu partido dá apoio, o presidente nacional da minha legenda é ministro da Casa Civil. Na democracia, você tem que ter posicionamentos. Não pode ser frágil das situações momentâneas. Onde o governo está errando, a nossa obrigação é fazer com que acerte.
Arthur Lira, em entrevista ao Valor

Possível derrota no Nordeste

Lira também disse acreditar que Bolsonaro não deve ganhar a maioria dos votos no Nordeste, mas é possível aumentar o número de apoiadores na região. O Nordeste é campo forte de apoio ao ex-presidente Lula, que deve estar na disputa para o Palácio do Planalto.

"Ele [Bolsonaro] acertando, a população toda se atende com isso. Esse jogo ainda esquenta. Dificilmente o presidente Bolsonaro ganhará no Nordeste, mas pode diminuir a diferença. Nunca tive posições de covardia, nunca fui de me esconder atrás de cortina para não ter posição clara."

O presidente da Casa também comentou que Bolsonaro deveria ter se vacinado contra a covid-19 e declarou que a "fila já rodou" para o mandatário. Bolsonaro já afirmou que ainda vai decidir se irá tomar a vacina contra a covid-19. Sua posição destoa do que vem acontecendo com líderes de outros países.

Dificuldade de Lula no Congresso

Lira aproveitou para dar um recado ao ex-presidente Lula ao afirmar que a revogação do "teto de gastos" e de reformas comentadas pelo petista não devem passar facilmente pelos políticos de centro-direita do Congresso.

Em entrevista à coluna de Chico Alves no UOL, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, declarou que a revisão da reforma trabalhista está nos planos do PT e deve ser realizada em caso de vitória da sigla nas eleições deste ano.

O ex-presidente Lula e importantes integrantes do PT também avaliam atuar para reverter outras propostas aprovadas nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, como o programa de privatizações de estatais — que pouco avançou — e o teto de gastos, principal âncora fiscal da economia.

O Lula está dizendo que vai fazer um monte de coisa, não só isso, né? Que vai extinguir o teto. São coisas de cada candidato, de cada plataforma política. Só queria lembrar que no meio dos presidentes que estão e que serão eleitos tem o Congresso Nacional. E já deixei bem claro: permanecendo um Congresso de centro-direita, nossa vontade é não retroagir nos avanços que a gente já teve. O problema do Brasil é terminar as reformas paradas.
Arthur Lira, ao jornal Valor Econômico

Para Lira, Lula deve encontrar dificuldades no Congresso ao afirmar que irá "acabar" com o teto de gastos.

"Minha defesa sempre foi desvincular e desindexar o orçamento — lógico, com o quadro inflacionário mais resolvido — e aí você libera o teto, mas com as finanças e com os gastos sob controle, nada antes disso. Penso que chegar do dia para a noite e dizer "vou acabar com o teto" vai ter uma resistência muito forte", disse.

*Com Estadão Conteúdo.