BBB24: Rodriguinho chama Isabelle de índia; por que não se deve usar termo?

Rodriguinho é o segundo líder da edição do BBB 24. Ontem (11), na hora de indicar quais participantes estavam em sua mira para o paredão, o cantor chamou a amazonense Isabelle Nogueira de índia, ao vivo. O comentário gerou burburinho na casa e Rodrigo procurou Isabelle para uma conversa. No papo, ela explicou porque o uso do termo é inadequado.

"O termo índia é meio que pejorativo, porém, o mundo está compreendendo isso agora. É indígena ou povo originário. Índia foi quando o colonizador chegou no Brasil e quis falar que parecíamos o povo da Índia, porque ele errou de caminho", disse a Cunhã Poranga do Boi Garantido.

Rodriguinho se mostrou preocupado, mas ela o acalmou, dizendo que agora ele sabia e que estamos em constante evolução e aprendendo.

"O correto é sempre chamar o indígena pelo nome. Eu sou Munduruku, mas sou indígena de origem. Índio é uma palavra vazia de significado, indígena é uma palavra cheia de significado. Índio não significa nada, indígena significa originário", disse o escritor e ativista Daniel Munduruku em entrevista à Ecoa.

"Os colonizadores colocaram o nome de 'índio' nessas populações e virou uma alcunha, um apelido para todas as pessoas que pertenciam a povos de origem. Não se falava em diversidade, mas, sim, em uma unidade. E essa palavra unificava todas essas culturas, na figura do 'índio', desse 'índio' genérico", completou.

"O termo 'índio', hoje, evidencia uma carga de preconceito e discriminação", disse o historiador André Figueiredo Rodrigues, professor na Unesp.

No Brasil, o termo "índio" para designar os povos originários começou a ser questionado a partir dos anos 1970, com o surgimento de forma mais sistemática de um ativismo indígena.

Embora o termo "povos indígenas" pareça ser o mais consagrado hoje em dia, ainda é possível dar um passo além. "Indígena tem sido usado há bastante tempo, mas considera-se mais correto dizer povos originários devido ao fato de que formam no seu conjunto a origem deste país continental", salienta o escritor e ambientalista Kaká Werá.

Continua após a publicidade