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No meio da floresta, mas quase sem árvores: Manaus combate 'ilhas de calor'

Projeto Galho Forte realizado em Manaus (AM) - Divulgação/ Projeto Galho Forte
Projeto Galho Forte realizado em Manaus (AM) Imagem: Divulgação/ Projeto Galho Forte

Gabriel Ferreira

Colaboração para Ecoa, de Manaus (AM)

24/12/2022 06h00

Conhecida como capital da Amazônia, Manaus, apesar de estar localizada no meio da floresta, é a terceira pior capital do Brasil no quesito arborização. A cidade conta com somente 25,1% de árvores no entorno dos domicílios. No quesito de quantidade de árvores nas regiões urbanas, de acordo com os dados do ano de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), Manaus ocupa a 4.493ª posição entre os 5.565 municípios do país e o penúltimo lugar entre as cidades com mais de 1 milhão de habitantes.

Em meio a esse cenário, o projeto Galho Forte surgiu com ações de arborização em Manaus, atuando como movimento apartidário. O projeto foi idealizado no ano de 2020 com a eleição do vereador Amom Mandel (Cidadania), aos 19 anos. Mandel é o parlamentar mais jovem eleito para a Câmara Municipal de Manaus,

"A gente está no meio da Floresta Amazônica e a nossa capital deveria ser referência não apenas local nacionalmente e internacionalmente no meio ambiente.", diz Mandel. "Nós temos uma oportunidade de ouro de desenvolvimento a partir da floresta.", afirmou o deputado.

Prioridade para os bairros mais afetados pelas ilhas de calor

2 - Projeto Galho Forte/Divulgação - Projeto Galho Forte/Divulgação
O deputado Amom Mendel no projeto Galho Forte
Imagem: Projeto Galho Forte/Divulgação

Eleito deputado federal pelo Amazonas em 2022, aos 22 anos, Mandel afirma que os governantes "acham que árvore não dá voto e por isso não cuidam do nosso futuro". De acordo com o parlamentar, plantar árvores, sobretudo em Manaus, é fazer com que a capital amazônica saia do status negativo em arborização no país.

Coordenador do projeto e engenheiro agrônomo, Daniel Oscar Soares, explica como é realizado o trabalho de arborização atingindo a meta de 7.537 árvores em mais de 45 ações de plantios em 30 pontos estratégicos de Manaus: "O Galho Forte prioriza os bairros mais afetados pelas ilhas de calor e as espécies nativas da Amazônia".

Sobre insumos para as ações de plantio, Daniel Oscar disse que o próprio idealizador do projeto é quem faz o custeio. No entanto, o coordenador do projeto relatou que as mudas de árvores são de doações, com arrecadações em campanha nas redes sociais e parceiros, como o Colégio Martha Falcão, a ONG Mata Viva, entre outros.

A arborização urbana é fundamental ara mudança do cenário de Manaus referente as ilhas de calor, quando áreas das metrópoles apresentam clima mais quente do que as zonas rurais. Isso ocorre devido ao maior número de materiais que absorvem calor como asfalto e concreto e com pouca área verde ao redor.

"Infelizmente, muitas mudas foram perdidas, em razão dos atos de vandalismo e dos ataques de insetos, especialmente formigas cortadeiras e gafanhotos.", diz Daniel Oscar Soares.

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O Galho Forte desenvolve ações de arborização em Manaus, atuando como movimento apartidário.
Imagem: Divulgação/Galho Forte

Entre os milhares de voluntários do projeto, está a jornalista Gisele Coutinho que conheceu a iniciativa há mais de um ano acompanhando pelas redes sociais, mas começou a participar das ações há um mês.

"Esperamos alcançar cada vez um número maior de pessoas, para que as próximas gerações não sofram com a falta de árvores", diz Gisele.