Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Conheça os lançamentos dos autores indígenas Daniel Munduruku e José Verá
No mês de setembro, dois livros de autoria indígena chegam ao mercado editorial brasileiro: o primeiro celebra os 25 anos de carreira do escritor Daniel Munduruku, sob o título "A chave do meu sonho - ou como um parafuso frouxo fez-me encontrar a chave e o sonho" (Uka Editorial); o segundo, do contador de histórias José Verá, de nome "Nhemombaraete Reko Rã'i: fortalecendo a sabedoria" (Riacho Edição).
O escritor Daniel Munduruku é mais conhecido na cena literária por sua atuação desde a década de 1990, especificamente desde 1996, data que marca a sua primeira publicação editorial, pela Cia das Letrinhas, com a obra "Histórias de Índio". O segundo, José Verá, escritor Mbya Guarani, lança sua obra autoral para fortalecer a cultura e o povo Guarani. A seguir, os dois releases que anunciam as respectivas obras.
A chave do meu sonho
Em pré-venda, o livro "A chave do meu sonho - ou como um parafuso frouxo me fez encontrar a chave e o sonho" traz na página do Instituto Uk'a a seguinte mensagem que convida para a leitura do livro, destinado ao público de adolescente e jovens:
"O que acontece quando uma criança indígena é rejeitada pelos pais? Pode ela ter uma vida normal e regular? Será ela abandonada à própria sorte? O livro é narrado exatamente pela criança que foi rejeitada pela mãe no momento do parto. Ela vai direcionando o leitor para os acontecimentos com maestria enquanto apresenta a cultura de seu povo, suas relações sociais, as questões existenciais e sua jornada para tornar-se uma liderança espiritual, apesar do seu 'parafuso frouxo'.
A respeito disso, o autor ressalta: "pensei nesse componente da narrativa à medida em que a história ia ganhando corpo. Afinal, o que pode acontecer a uma criança quando ela é considerada um 'pária social' dentro de uma sociedade que precisa de todos os braços para sua sobrevivência? Me veio exatamente a ideia do parafuso solto numa engrenagem: ou ele é retirado ou ele vai apertar outra peça. Foi isso que aconteceu com o protagonista da história. Sem utilidade para a vida doméstica, teve que ser adequado em outra função social".
O livro é destinado ao público de leitores juvenil e adolescentes.
Ficha técnica
A CHAVE DO MEU SONHO - ou como um parafuso frouxo fez-me encontrar a chave e o sonho
Autor: Daniel Munduruku
Editora: Uka Editorial
Ilustrações: Rita Carelli
Ano de publicação: 2021
Público: a partir de 13 anos
Preço de capa sugerido: R$ 45,00
www.livrariamaraca.com.br
Nhemombaraete Reko Rã'i
O livro bilíngue reúne desenhos e histórias da cultura Guarani. Num trecho da obra podemos ler a seguinte premissa: "Nosso modo de aprendizagem é a árvore, por isso nós aprendemos debaixo da árvore. Nosso mestre é a árvore Ipê. Da árvore, nós adquirimos os conhecimentos. A árvore é o princípio de nosso conhecimento".
A assessoria compartilhou um release que conta em detalhes a origem da obra, como veremos a seguir:
No litoral norte do Rio Grande do Sul, está localizada a Aldeia Yvyty Porã, na Terra Indígena Guarani Barra do Ouro, conhecida entre os não indígenas como 'Aldeia do Campo Molhado'. Com um passado de resistência guarani, essa área foi retomada pelos Mbya Guarani e demarcada há cerca de 30 anos, sendo uma das maiores terras indígenas exclusivamente guarani do estado do RS. Lá vive José Verá: autor do livro 'Nhemombaraete Reko Rã'i: fortalecendo a sabedoria' (Riacho, 128 págs. R$ 60,00), que reúne seus desenhos e, para cada uma delas, histórias e ensinamentos da cultura guarani. Durante o mês de setembro, o livro poderá ser adquirido pelo preço promocional de R$ 40,00 por meio do site. A publicação bilíngue português/guarani está disponível para a venda na livraria Via Sapiens (Porto Alegre), no site do selo Riacho e também direto com o autor.
José Verá, de 71 anos, desenhista autodidata nasceu para a "contação de histórias". A Aldeia Serra Bonita (Yvyty Porã), situada entre os municípios de Caraá, Maquiné e Riozinho, serviu de inspiração e guia. "Eu escrevi aqui, dentro dessa casa, dentro da minha aldeia, no meio da minha família", relembra o artista. "Não saí para outro lugar. Eu recebi uma mensagem diretamente para mim", explica. Produzidos a lápis e caneta, os desenhos espelham a espiritualidade do povo Mbya Guarani e sua relação com a biodiversidade.
Mensagens sobre ecologia e vida em comunidade permeiam a obra. Com títulos como "O Lua" (Jaxy), "O Sol" (Kuaray), "Nossa mãe verdadeira" (Nhandexy anhetêngua), "Erva-mate" (Ka?a), "Escola" (Nhembo?ea), os temas do livro rendem lições para indígenas e especialmente para não indígenas. As histórias evidenciam a íntima relação que têm os povos indígenas com o território. E por isso trazem à luz a relevância que teve a luta travada pelos indígenas pela auto demarcação dessa área há três décadas.
As histórias que compõem "Nhemombaraete Reko Rã'i: fortalecendo a sabedoria" foram ditadas por José Verá a professores guarani, que fizeram posteriormente a revisão e tradução para a língua portuguesa. O livro foi composto de forma colaborativa, com visitas à comunidade com protótipos impressos e digitais para decidir o visual final da publicação. O projeto foi executado através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas realizado com recursos da Lei Aldir Blanc nº 14.017/20 e é uma das ações da AEPIM (Associação de Estudos e Projetos com Povos Indígenas e Minoritários), organização não governamental que atua desde 2009 em parceria com povos indígenas, quilombolas, comunidades pescadoras e de agricultura familiar. A publicação tem edição e projeto gráfico do selo editorial Riacho ativo desde 2016 com foco no fazer poético e na diversidade socioambiental.
Ficha Técnica
Título: Nhemombaraete Reko Rã'i: fortalecendo a sabedoria
Autor: José Verá
Edição: Riacho
Número de páginas: 128
Preço de capa: R$ 60,00 (preço promocional de R$ 40,00 durante o mês de setembro)
Onde comprar: Riacho, Via Sapiens
Trecho: "Só Nhanderu (Nosso pai) sabe o que fazer. Quando criou as árvores, criou tudo junto, porque é a raiz das árvores que segura a terra. Por isso não devemos destruir a floresta. Os jurua (não indígenas) estão desmatando muito a floresta, por isso, às vezes, acontecem desmoronamentos, porque a terra não tem como se segurar sozinha. É isso que os jurua não percebem e pensam que é só um fenômeno natural." (Nhemombaraete Reko Rã'i: fortalecendo a sabedoria)
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