Após fim de "Inovar-Auto", importações de veículos saltam 58% em janeiro
Super-IPI acabou em dezembro, mas maior parte dos importados vem da Argentina, que nunca teve restrições
As importações de automóveis para passageiros saltaram 58% em janeiro, na comparação com 2017, a US$ 272 milhões, num movimento que pode ter reflexo com o fim do "Inovar-Auto", divulgou o MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) na quinta-feira (1º). Ainda assim, boa parte da alta de importações foi de carros vindos da Argentina, que nunca sofreu restrições por parte do programa.
Concebido no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, o "Inovar-Auto" elevou em 30 pontos percentuais o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre veículos importados, com prazo de vigência que terminou em dezembro. Em janeiro, portanto, os veículos importados passaram a não arcar mais com a sobretaxa.
Segundo o diretor de Estatísticas e Apoio às Exportações do MDIC, Herlon Brandão, a expiração do programa pode explicar parte do avanço na compra de automóveis vindos de fora.
"Ele pode estar relacionado com o fim do IPI do 'Inovar Auto', e também com a maior demanda interna", disse.
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Na véspera, o vice-presidente de assuntos governamentais e de estratégia para América do Sul da Ford, Rogelio Golfarb, afirmou que as vendas de veículos novos no Brasil em janeiro até o dia 29 subiram quase 23% sobre o mesmo período de 2017.
Na comparação com janeiro do ano passado, a importação de veículos da Alemanha, por exemplo, subiu de US$ 8,8 milhões para US$ 26,8 milhões.
Em relação aos automóveis vindos da Coreia do Sul, o aumento foi de US$ 4,4 milhões para US$ 24 milhões. As compras de veículos do Japão, por sua vez, cresceram de US$ 7,6 milhões para US$ 21 milhões em janeiro deste ano. As da Suécia passaram de US$ 1,2 milhão para US$ 6,1 milhões e, da China, de US$ 1,6 milhão para US$ 3 milhões.
Veículos da Argentina
Brandão ressalvou, por outro lado, que em termos de unidades, foram comprados 4.292 veículos a mais em janeiro sobre um ano antes, sendo mais da metade -- 2.415 -- vindos da Argentina, que não é afetada pelo fim do Inovar Auto, pois, assim como o México, é um país com o qual o Brasil já possui acordo automotivo.
Diante do aumento do PIB e crescimento da renda, "é natural que aumente a demanda por importação de automóveis", ressaltou Brandão.
Em 2017, a fatia dos importados nas vendas de veículos novos no Brasil caiu a 10,9%, menor nível desde pelo menos os 10 anos anteriores. A expectativa da associação de montadoras, Anfavea, é que a participação cresça para 15% neste ano.
Brandão lembrou que apesar da expansão da importação sobre janeiro de 2017, as compras de veículos importados na realidade caíram em relação à dezembro, quando somaram 291,1 milhões de dólares, e novembro, quando alcançaram 328,7 milhões de dólares. Nestes meses, o Inovar Auto ainda seguia em vigência.
O governo do presidente Michel Temer iniciou discussões sobre um novo regime automotivo, o "Rota 2030", de mais longo prazo que o "Inovar Auto", mas até agora não conseguiu acordo sobre as novas diretrizes em meio a críticas do Ministério da Fazenda, que tenta controlar o quadro de desequilíbrio fiscal do país.
O "Inovar-Auto" foi considerado fora das regras pela Organização Mundial do Comércio (OMC) por diferenciar veículos produzidos no Brasil e importados.
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