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Usados: Uno Mille tem mais espaço que muito carro atual e economia de sobra

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Imagem: Reprodução

Fernando Miragaya

Colaboração para o UOL

30/10/2017 04h00

O veterano Fiat Uno (o Uninho mesmo, o antigo e não o atual, que parecia uma botinha ortopédica e depois ganhou apenas o nome de Mille) perdurou no mercado brasileiro por quase três décadas.

Foi simplificado ao longo de sua trajetória, mudou de nome, mas nunca perdeu a pegada de carro "popular". Por isso mesmo, ainda é o segundo modelo usado mais vendido do país (apesar de dividir esse louro com o Uno da atual geração) e boa opção para quem quer um compacto racional que seja fácil de negociar.

Como sua trajetória é longa, vamos nos concentrar nos dois últimos anos de produção do carro: os modelos 2012 e 2013 têm preços entre R$ 13 mil e R$ 20 mil e aqui o que vale mesmo é o estado de conservação e a quilometragem.

A boa notícia é que nessa faixa de preço você encontra muito carro com menos de 50 mil quilômetros rodados.

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Projeto lendário

O grande feito do Uno está em sua origem. Lançado em 1984 no Brasil, o carro foi uma baita evolução para a Fiat, já que vinha para ocupar o lugar do 147. O estilo "botinha ortopédica" trazia um coeficiente aerodinâmico (cx de 0,36), espaço interno mais generoso que dos compactos da época, posição de dirigir elevada e ótima visibilidade.

O manjado motor 1.0 Fire rende apenas 65/66 cv. É pouco (não espere entusiasmo para subir ladeiras), mas o Uninho é leve -- pesa menos de 900 kg --, o que minimiza os dramas inerentes aos carros "mil" -- e até "dispensa" a assistência na direção.

O câmbio manual de cinco marchas é bem escalonado, mas peca pelos engates pouco precisos. A coisa mais chata fica para quando o carro trabalha em rotações mais altas: prepare-se para elevar o tom de voz ao conversar com quem estiver ao seu lado, pois o isolamento acústico deixa a desejar.

"Esportivo"

Mas a dirigibilidade do velho Uno continua sendo um dos destaques -- que sumiu com a nova geração, lançada em 2010. O posicionamento do volante e a ergonomia, assim como o conforto no rodar, surpreendem (mesmo se comparado a alguns compactos modernos). Se tiver uma escada no teto, então...

Os comandos estão todos ao alcance das mãos e o motorista tem poucos pontos cegos. Já a carroceria com rigidez boa para os padrões da época e a suspensão independente do tipo McPherson (na frente e atrás) contribuem para robustez e estabilidade na medida certa.

A despeito do velho Uno ter sido "simplificado" ao longo do tempo, é possível ter um carrinho com o mínimo para sobreviver. A versões Economy, como o próprio nome sugere, só saíam de série com o básico do básico. Por isso, fique de olho nos modelos com opcionais: ar-condicionado, vidros e travas elétricos e limpador e lavador do vidro traseiro. Se conseguir a derradeira série Grazie Mille, limitada a 2 mil unidades, você terá som com Bluetooth e USB e até direção hidráulica.

A simplicidade e o tempo de estrada resultam em mecânica simples: o disco de freio do Mille custa por volta de R$ 50 e o kit de amortecedores traseiros pode ser encontrado por menos de R$ 300.

Boas safras: 2012 e 2013.
Melhor versão: Série limitada Grazie Mille tem som com Bluetooth, direção hidráulica, ar-condicionado e vidros elétricos, mas os preços ficam entre R$ 25 mil e R$ 29 mil.

Pontos positivos: Posição de dirigir, economia de combustível, ergonomia, visibilidade e acerto da suspensão.
Pontos negativos: Isolamento acústico, engates do câmbio e acabamento.

Evite: Modelos sem ar-condicionado, para você não assar dentro do carro no verão e para não perder dinheiro na revenda, pois a falta do equipamento o desvaloriza em quase 20%.

Atenção: A ruídos e trepidações no pedal ao frear o carro. Há relatos de desgaste prematuro de pastilhas e pinças.
Atenção 2: Versões Way têm suspensão elevada e pneus mais largos, mas amortecedores são mais caros que na Economy. Além disso, acabamentos externos pretos tendem a desbotar com o tempo.
Atenção 3: O Mille é um carro muito visado para furtos e roubos e, por isso, seu seguro costuma ser salgado.

Para tirar onda: Aí você terá de fugir do Mille e buscar as versões R (1.5 e 1.6) dos anos 1980 e 1990 ou a 1.4 Turbo de 118 cv lançada em 1994.