Autolatina: Ford diz que negociações com VW para parceria não têm limitação
Compartilhar custos com a marca rival para desenvolver carros e novas tecnologias pode ajudar a reverter perdas da marca americana
A Ford está em sérias negociações com a Volkswagen para ampliar a parceria para além dos veículos comerciais, de modo a ajudar a montadora americana a reverter as perdas na Europa e na América do Sul e a compartilhar os custos de tecnologia e carros pequenos.
"Estamos tendo um amplo conjunto de discussões sobre como podemos ajudar uma à outra em todo o mundo", disse Bob Shanks, diretor financeiro da Ford, em entrevista, nesta quinta-feira (25).
"A colaboração não tem nenhum tipo de limitação, seja em tecnologia, segmentos de produto ou geografia", completou o executivo.
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As ações subiram quase 10% depois que a empresa ultrapassou estimativas de lucros, mas a montadora está se reestruturando globalmente e se afastou das metas de margem que havia estabelecido para 2020. A parceria com rivais é uma forma de reduzir custos e colocar novos carros e tecnologias no mercado mais rapidamente.
A Ford está em negociações semelhantes com a Mahindra para ampliar uma parceria que começou a desenvolver modelos para a Índia e outros mercados emergentes, entre eles alguns SUVs e carros elétricos.
"Com a VW e a Mahindra não colocamos limites em termos de onde podemos colaborar", disse Shanks. "Estamos analisando os pontos fortes e as lacunas de cada empresa nos dois lados da mesa e tentando entender como podemos nos ajudar mutuamente."
Reestruturação
O CEO da Ford, Jim Hackett, deu a entender que as parcerias estavam progredindo quando conversou com analistas na teleconferência sobre resultados da empresa.
"Esperamos compartilhar mais sobre este redesenho global da empresa", garantiu o CEO, que está dirigindo uma reestruturação de US$ 11 bilhões. "Nós vamos entrar em contato com vocês com mais frequência, inclusive falaremos sobre essas parcerias estratégicas em breve."
As ações da Ford registraram a maior alta em mais de nove anos nesta quinta, depois que a empresa surpreendeu os investidores com lucros antes de impostos de US$ 2 bilhões na América do Norte, graças às vendas de picapes e SUVs de alta rentabilidade. O resultado é a primeira validação da controversa decisão da montadora de deixar de fabricar sedãs nos Estados Unidos.
Colaborações
Os acordos com a Volkswagen e a Mahindra poderiam melhorar ainda mais a perspectiva da Ford. Adam Jonas, analista do Morgan Stanley, prevê que a Ford perderá US$ 3,6 bilhões na Europa de 2019 a 2021, tornando-se a montadora menos rentável do mercado.
Na América do Sul, onde a Volks também opera, a Ford perdeu mais de US$ 4 bilhões desde 2012. Compartilhar os custos para desenvolver carros e novas tecnologias com outra montadora pode ajudar a reverter essas perdas.
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