Série mostra origem sem glamour e cheia de perigo da Harley-Davidson
Antes de se tornarem o símbolo da rebeldia entre os anos 1960 e 1970, as motos Harley-Davidson não passavam de "bicicletas motorizadas", cujos motores vazavam óleo e, às vezes, explodiam.
A história do mito antes de se tornar mito é o mote principal de "Harley-Davidson: a Série", que estreia nesta sexta (23), às 22h10 no canal pago Discovery Chanel.
Meio dramático, meio documental, o roteiro narra em três episódios a parceria entre os irmãos Arthur e Walter Davidson e o amigo deles, Bill Harley, responsável por projetar o motor que fez da moto um sucesso nas corridas em pistas de terra, no começo do século 20.
Por trás do mito
Não era medo de se acidentar ou de morrer, era medo que seu motor falhasse
Vou dizer pra vocês que eu achava que eu sabia andar de moto, até que vi o que eles faziam
Motos replicadas, histórias reais
A reportagem conversou com os atores durante o lançamento da série no Petersen Automobile Museum, em Los Angeles (EUA), museu que abriga as primeiras Harley-Davidson, além de veículos famosos usados no cinema como a Kombi de "Pequena Miss Sunshine", um Batmóvel, o carro de Walter White em "Breaking Bad" e o recém-reformado DeLorean de "De Volta para o Futuro".
Michiel Huisman, que está em "Game of Thrones" no papel de Daario Naharis (o namorado de Danaerys), interpreta Walter Davidson na série. Durante a conversa, contou que as motos que usam são apenas réplicas das originais, mas que seu personagem usa falas verdadeiras, retiradas do diário de Walter Davidson.
"Lendo os diários, a gente descobre exatamente o que ele sentia quando estava montando sua criação: não era medo de se acidentar ou de morrer, era medo que seu motor falhasse. E na época era pelo menos cem vezes mais perigoso que hoje. Só que esses caras eram durões. A gente costuma brincar nos bastidores que esta é uma série do tempo em que os homens eram homens para valer", afirma Huisman.
Ele conta ainda que o maior desafio foi recriar as corridas, porque as sequências eram muito perigosas. "Vou dizer para vocês que eu achava que sabia andar de moto, até que vi o que eles faziam. Se quebravam o tempo todo. Por isso eu digo que eles eram homens para valer, coisa que eu não sou e por isso deixo para os dublês", brincou Huisman.
Questionado se era mais difícil pilotar uma Harley-Davidson ou namorar a rainha dos dragões, foi político: "Ambas são cheias de truques e com ambas você tem que saber exatamente o que está fazendo!"
Para fãs de moto... e mecânica
Embora tenha pretensões dramáticas, a série é um prato cheio para obcecados por mecânica. Por isso, muitas das cenas podem parecer monótonas ao público mais generalista, podendo ser cultuadas por iniciados.
Grande atrativo, em termos de aventura, é mesmo a reprodução dos enduros, onde Harley e os Davidson exibiam os dotes de sua criação. Vencer, neste caso, era garantia de encontrar um patrocinador da produção e alguém que comercializasse seu produto.
Espírito da liberdade
A gênese do design que revolucionou o mundo das motocicletas, no entanto, só aparece no último episódio, quando a Grande Depressão Americana devastou a indústria. À beira da ruína e com um cenário propício ao tudo ou nada, os três sócios decidiram ousar.
Sem este ponto de partida, Peter Fonda jamais teria cruzado os Estados Unidos montando sua "Capitão América" e traduzindo o espírito de liberdade, que fez da Harley-Davidson e de suas motos um dos maiores símbolos do movimento hippie. Essa conexão da marca com o rock and roll, no entanto, a série não mostra.
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