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SUV ou crossover: afinal, o que são Pulse, Nivus, WR-V e cia?

Colunista do UOL

20/12/2021 04h00

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Quando o novo Fiat Pulse foi lançado, houve uma polêmica em meu perfil no Instagram. Alguns seguidores me corrigiram, dizendo que o carro não era um SUV, e sim um crossover. É fato, e não é de hoje que o conceito de veículo utilitário-esportivo (SUV) foi desvirtuado não apenas no Brasil, mas em muitos lugares do mundo.

Aqui, o Inmetro criou uma regra que foi adotada pelo mercado para classificar SUVs. Para ser um compacto, médio ou grande, o modelo tem de cumprir alguns padrões quanto ao vão livre do solo e ângulos de entrada, saída e transposição.

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Ficou muito fácil ser SUV no Brasil. O melhor exemplo disso foi o lançamento do Renault Kwid, um hatch que a marca vende como "o SUV dos compactos". Rival do Fiat Mobi, o carro, de acordo com o Inmetro, é classificado como um utilitário-esportivo compacto. Ele cumpre as regras.

Mas afinal, carros como Pulse, Volkswagen Nivus, Honda WR-V e cia são SUVs? São crossovers? Eles podem ser chamados dos dois modos. São tão utilitários-esportivos quanto Creta, HR-V, T-Cross e Kicks. Com exceção das dimensões, já que os do primeiro grupo são um pouco menores, não há diferenças relevantes na concepção dos projetos.

Inclusive, WR-V e HR-V usam a mesma plataforma, a do Fit. T-Cross e Nivus também são irmãos de base, a mesma utilizada por Polo e Virtus. Quem insiste que Nivus e WR-V não são SUVs bate no fato de eles serem muito parecidos com os hatches com que dividem arquitetura. Não é um argumento válido, como você vai entender abaixo.

O que é SUV?

O maior erro nesse debate é quando uma pessoa corrige a outra dizendo que um modelo não é SUV, e sim crossover. Nesse caso, a correção está sendo feita com um novo erro ou, em uma outra leitura, uma redundância.

Para entender, a tradicional classificação de carrocerias é bem simples. Há modelos de um volume (minivans), dois volumes (hatches) e três volumes (sedãs). Isso entre os carros de passeio. Adicionando os comerciais leves, há categorias como picapes e vans.

Hoje, a maior parte dos utilitários-esportivos é feita em plataforma de carros de passeio e tem dois volumes. São variações de hatches, assim como alguns cupês, embora essa denominação também seja usada para modelos três-volumes de duas portas.

Então, não está errado chamar qualquer SUV derivado de carro de passeio de hatch alto. A classificação mais purista, inclusive, diria que eles não passam disso. Mas há também os utilitários-esportivos feitos sobre chassi, derivados de picapes.

Aqui no Brasil, esse grupo tem SW4, Trailblazer e Pajero Sport. São produtos como esse que deram origem ao termo veículo utilitário esportivo. Inclusive, para os mais puristas, são os únicos que realmente podem ser chamados de SUV - e, definitivamente, não são hatches altos.

O que é crossover?

Ao contrário do que muitos pensam, o termo crossover não está relacionado originalmente aos modelos que muitos chamam de SUVs. Ele foi criado para identificar produtos que têm características de dois segmentos em uma mesma carroceria.

Entre os exemplos, estão o Porsche Panamera, misto de sedã e cupê, e o Mercedes-Benz GLC Coupê. Até o Honda Fit, um hatch com dois volumes muito bem definidos, mas algumas características de minivan, pode ser chamado de crossover.

E como esse termo foi associado do mundo dos SUVs? Isso surgiu nos Estados Unidos. Por lá, quando começaram a surgir carros com características de utilitários-esportivos na carroceria, mas base de carro de passeio, o mercado adotou a denominação crossover para classificá-los.

A classificação não está errada. Afinal, se esses modelos não têm cruzamento de carroceria, eles têm cruzamento de conceitos. Foi aí, nesse movimento do mercado dos Estados Unidos, que o consumidor brasileiro passou a confundir as coisas.

Aqui, é uma bagunça. Há quem pense que, para ser SUV, tem de ter tração 4x4. Se não, é crossover. Nos EUA, até os com tração nas quatro rodas podem ser chamados de crossover. Não é questão de tração, e sim de conceito de construção.

Como exemplo, o que dizer do Renegade, da Jeep? Ele é crossover na versão 4x2 e SUV na 4x4? Não faz nenhum sentido.

Afinal, o que eles são?

Para quem adota a classificação purista de carroceria, Pulse, Nivus e WR-V (e também HR-V, T-Cross e cia) são dois-volumes. Então, se você quer ser um "gearhead" raiz, chame esses modelos de hatches altos.

Para o mercado brasileiro, que adotou a classificação do Inmetro, eles são SUVs. E, como conceito, todos são também crossovers, por trazerem combinação de carroceria de utilitário-esportivo com base de carro de passeio. E, nesse "todos", dá para incluir até Jeep Compass, Land Rover Evoque e Porsche Cayenne, só para citar alguns exemplos.

Então, quando for corrigir alguém que chamou um modelo desses de SUV, diga que é hatch alto, não crossover. Isso porque SUV e crossover não são eliminatórios, são complementares.

No fim das contas, os dois conceitos, utilitário-esportivo e crossover, acabaram se transformando em ferramentas de marketing que surgiram a partir de uma variedade de carrocerias cada vez maior. E cada vez mais difícil de classificar de acordo com regras criadas há muitas e muitas décadas.

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