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Com falha resolvida, Jeep Commander vai dificultar a vida da concorrência

Desde quando foi lançado, o Jeep Commander é o SUV de sete lugares mais vendido do Brasil.

Isso não quer dizer que os emplacamentos sejam os esperados pela Jeep. Além disso, o produto perdeu bastante com a chegada dos utilitários esportivos chineses: mesmo sem a terceira fileira de bancos, os híbridos (convencionais e plug-in) Haval H6 e Song Plus passaram a concorrer pelos mesmos clientes do modelo nacional.

Tanto que o Commander teve queda de mais de 40% nas vendas nos quatro primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. As mudanças pelas quais o produto passou podem ter interferido no desempenho no mercado em março e abril. Mas a concorrência também teve papel importante.

Além dos chineses, o Tiguan retornou ao mercado, e o Tiggo 8 está com preços cada vez mais atraentes. Nesse contexto, o Commander teve de se mexer e trouxe boas novidades para a linha 2025. As versões a diesel, que já não estão com essa bola toda, perderam espaço - ficou apenas uma, para cumprir protocolo.

Já as 1.3 flex ganharam mais equipamentos. Para todas, houve redução nos preços. Mas a principal "arma" dessa linha 2025, principalmente para tentar amenizar o avanço chinês, foi a chegada do motor 2.0 turbo Hurricane, a gasolina. É com ele que a Jeep pretende ter argumentos fortes para convencer o público que seu Commander pode ser o melhor negócio.

Economia não. Agilidade

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O motor 1.3 flex, de 185 cv, faz um excelente trabalho no Renegade e também vai muito bem no Compass. No Commander, sempre deixou o consumidor desconfiado. O carro é maior, mais pesado e tem um bagageiro grande. Quem o compra ou pretende usar os sete lugares ou ir com o porta-malas cheio em uma viagem. É um produto familiar.

O propulsor a diesel vai um pouco melhor em situações de carro carregado, pois tem mais torque. Ainda assim, são 170 cv. Nada muito empolgante, principalmente diante dos 393 cv dos Haval H6 mais caros - com os quais o Jeep concorre.

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Ser híbrido, ainda mais com tecnologia plug-in, ainda não é possível para o Commander. A Stellantis, empresa da qual faz parte a Jeep, está trabalhando para lançar modelos eletrificados a partir do ano que vem. Estão previstos todos os tipos de recursos, do híbrido leve ao recarregável na tomada.

Porém, ainda vai levar tempo para que o Commander ganhe essas novidades. Por ora, a decisão da Jeep foi aprimorar o desempenho do carro. E que melhoria! O modelo de fato ficou muito rápido para acelerar com o 2.0 turbo que estreou, em um veículo brasileiro, na Rampage.

Com 272 cv e 40,8 kgfm, o Commander 2.0 turbo responde bem demais em retomadas, ultrapassagens, subidas. Estar carregado de pessoas ou bagagens deixa de ser um problema para esse modelo. De acordo com informações da Jeep, a aceleração de zero a 100 km/h leva sete segundos.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Econômico? Isso o Commander não é. Faz 10,2 km/l na cidade e 11,4 km/l de gasolina na estrada. O consumo do Haval H6 PHEV, por outro lado, ultrapassa os 25 km/l se o motor a eletricidade estiver carregado. E ele ainda tem a vantagem de funcionar apenas no modo elétrico, se o cliente preferir.

Por isso, esse Commander com novo motor não é a resposta a quem estava recorrendo aos híbridos chineses por economia, consciência ambiental ou mesmo para reduzir as paradas para reabastecimento de combustível em ciclo urbano.

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É, no entanto, a solução para quem dava preferência aos concorrentes porque estes têm desempenho muito superior. Afinal, o que são os 185 cv ou 170 cv das versões do Jeep disponíveis até então ante os 393 cv do Haval?

Comparativo de preços

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O Commander com o propulsor Hurricane custa R$ 308.290 na versão Overland e R$ 321.290 na Blackhawk. Esqueça esses preços, no entanto. Quem conhece a Jeep sabe que no mercado há sempre bons descontos, especialmente para quem compra com CNPJ - e os abatimentos para essa modalidade serão mantidos, de acordo com a montadora.

Assim, no CNPJ dá para levar o carro para casa com bons descontos, que podem chegar a 10% - ou mesmo ultrapassar esse percentual. Nesse caso, os preços já caem para cerca de R$ 277 mil e R$ 289 mil, respectivamente.

No caso do Haval H6 PHEV (versões SUV e GT), as tabelas ficam entre R$ 279 mil e R$ 319 mil. A marca não trabalha com descontos. É o mesmo valor para todos, no Brasil inteiro. Já o Song Plus é mais barato.

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O híbrido da BYD sai por R$ 230 mil. Por outro lado, tem desempenho inferior tanto ao do Haval H6 HEV (que vai de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos) quanto ao do Commander. O Song Plus leva 8,5 segundos para cumprir a mesma missão.

Vale destacar que Commander Hurricane e Haval H6 PHEV são 4x4. O Song Plus tem tração dianteira.

Vida mais difícil para os chineses

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Não dá para dizer que, com o Commander renovado, "acabou" para os chineses. Não mesmo. Mas, com os 272 cv, o modelo da Jeep agora tem um bom argumento para quem migrava para esses modelos por causa do desempenho do SUV nacional.

Some a isso o fato de apenas o Commander ter sete lugares, além de um porta-malas bem maior, e tenha certeza: o produto da Jeep vai dificultar muito a vida desses concorrentes a partir de agora. Mas a missão não será fácil.

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Em primeiro lugar, o cliente que faz questão de carro híbrido o Commander continua não atendendo. Além disso, o SUV perdeu muito espaço no mercado este ano. De janeiro a abril, foram vendidos 6.569 Song Plus e 5.452 Haval H6.

Já os emplacamentos do Commander totalizaram 4.310 unidades. Ainda assim, o Jeep continua sendo o sete lugares mais vendido. O Tiggo 8, que é mais barato que o Jeep e tem versões a combustão (R$ 179.990) e PHEV (R$ 239.990), além da terceira fileira, teve 2.993 emplacamentos. O Tiguan somou 1.261.

SUVs premium na mira

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O motor 2.0 turbo não dá argumentos ao Commander apenas ante os carros chineses, mas também para tentar cativar clientes que o Haval H6 e o Song Plus já estão conquistando: o de SUVs de marcas premium. Não é de hoje que o preço em alta dos veículos deixou produtos de luxo caros demais para alguns consumidores.

Houve migração de clientes de produtos como BMW X3 e Volvo XC60 para o próprio Commander, e depois para modelos híbridos chineses. Agora, com desempenho empolgante, o Jeep volta a ganhar argumentos ante esse consumidor.

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