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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Dá para ter um carro conversível no Brasil? Testamos o BMW 430i

BMW 430i - Rafaela Borges/UOL
BMW 430i Imagem: Rafaela Borges/UOL

Colunista do UOL

23/08/2021 04h00

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Mini Cooper Cabrio, BMW Z4 e 430i, Porsche 718 Boxster e 911 conversível... Dá para contar nos dedos a lista de carros com teto retrátil à venda no mercado brasileiro. Em comum? Todos são modelos de marca de luxo, o que reforça a aptidão de nicho do segmento.

No passado recente, até já houve algumas tentativas de marcas generalistas de investir nos conversíveis. Entre os exemplos estão a Volkswagen, com o Eos, e a Peugeot, com o 206CC. Ambas sem sucesso.

BMW 430i lateral - Rafaela Borges/UOL - Rafaela Borges/UOL
Imagem: Rafaela Borges/UOL
Mas, afinal de contas, dá para usar um carro conversível no Brasil? Testei o BMW 430i e rodei em diversas situações, com o teto fechado e aberto. O modelo, inclusive, teve nesta nova geração a capota rígida substituída por uma de lona, que leva 20 segundos para abrir ou fechar - processo que pode ser feito a até 50 km/h.

Com preço sugerido de R$ 460.950, o 430i só é vendido no Brasil na versão Cabriolet. O cupê da linha Série 4 é oferecido na opção 440i.

Na cidade

Não dá para blindar um carro conversível. Lembro-me que alguns anos atrás, um amigo queria comprar um Z4 e blindar. Mas, nesse caso, seria impossível abrir o teto, e o carro perderia uma de suas principais funcionalidades.

O consultor foi taxativo: se meu amigo insistisse em blindá-lo, jamais conseguiria revendê-lo. No caso do 430i, essa possibilidade não existe nem que o cliente decida pagar para ver, já que o teto é de lona.

BMW 430i traseira chapada  - Rafaela Borges/UOL - Rafaela Borges/UOL
Imagem: Rafaela Borges/UOL
Quem tem um carro de luxo e vive em grandes cidades quase sempre faz o processo de blindagem, por causa da violência urbana. Porém, se blindar um conversível é um pecado, fazer o processo em muitos carros com teto fechado também é.

Imagine, por exemplo, blindar um Porsche 911? Seria um pecado. Além disso, tornaria o carro igualmente impossível de revender depois. Por isso, o segredo é saber o modo de usar.

Com um conversível de teto aberto, você será mais feliz na estrada. Rodei sem capota em ruas da cidade de São Paulo, mas não durou muito. A solução nos deixa muito expostos e, ao parar em faróis, bate mesmo aquela insegurança. É como se todos os olhos estivessem voltados a você.

BMW 430i interior - Rafaela Borges/UOL - Rafaela Borges/UOL
Imagem: Rafaela Borges/UOL
Em um Porsche 911 cupê, eles também estariam. No entanto, a exposição da pessoa ao volante é bem menor. Mas é por isso mesmo que o teto é retrátil. Bateu a insegurança, é só fechar. Quanto a rodar com o carro no dia a dia, fica a critério do freguês e da insegurança que ele sente no trânsito.

Mas se você é desses que só roda em São Paulo, no Rio de Janeiro ou em outros grandes centros com carros blindados, não vai mesmo querer usar um modelo como o 430i para as atividades cotidianas. Nem seu Porsche 911.

Esses modelos são o segundo - ou terceiro, quarto, quinto - carro do perfil de cliente que os compra. E é por isso que não emplacam em segmentos mais generalistas, de modelos mais acessíveis. Nessas categorias, os clientes geralmente não têm vários carros. Compram um para usar sempre.

Na estrada

O 430i é para abrir o teto em uma avenida bem movimentada no fim de semana, e também para pegar a estrada. Para os fãs de teto solar panorâmico, imagine a sensação de viajar com a capota do BMW conversível aberta em um dia de sol?

BMW 430i traseira fechada  - Rafaela Borges/UOL - Rafaela Borges/UOL
Imagem: Rafaela Borges/UOL
Foi o que fiz, e a sensação é incrível. Dá para sentir o vento levemente contra o rosto, mas de uma maneira que não incomoda. Os vidros dianteiros e traseiros formam uma proteção bem eficaz.

Em dias frios, como aquele em que testei o 430i na estrada (cerca de 15 graus), dá para ser feliz de teto aberto. Basta ligar o aquecedor do carro, que continua funcionando normalmente - e de maneira eficaz - nessa situação.

BMW 430i traseira aberta - Rafaela Borges/UOL - Rafaela Borges/UOL
Imagem: Rafaela Borges/UOL
A má notícia é que a viagem terá quase sempre de ser a dois. Até dá para levar duas pessoas nos bancos de trás, mas sem nenhum conforto. Nem mesmo crianças ficam bem acomodadas por ali - a não ser que ainda usem cadeirinhas ou outros dispositivos de fixação.

O porta-malas também é limitado, mas não tanto quanto a capacidade de 220 litros sugere. Eu consegui acomodar por ali duas malas pequenas (15 kg), uma média (23 kg) e uma mochila.

O entre-eixos é amplo. Porém, divide espaço com o compartimento de acomodação do teto, que também rouba área do porta-malas.

Detalhes do 430i

O 430i é o único "30i" à venda no Brasil. Na linha Série 3, agora há apenas o híbrido 330e, além do 320i. Isso já é um apelo e tanto para o carro, que traz motor 2.0 turbo de 252 cv e 35,7 mkgf a 5.200 rpm.

O câmbio automático de oito marchas e a tração, traseira. Ao volante, o carro apresenta o típico ajuste de modelos da BMW, com reações muito diretas. É uma das melhores respostas do mercado.

BMW 430i bancos - Rafaela Borges/UOL - Rafaela Borges/UOL
Imagem: Rafaela Borges/UOL
O carro também tem muita estabilidade e respostas fortes nas saídas de curvas. O ajuste da suspensão é ideal para essas condições, mas acaba gerando um certo desconforto em pisos imperfeitos.

Entre as tecnologias de destaque do 430i estão o sistema semiautônomo de condução e o comando de voz com inteligência artificial. Também chama a atenção a imensa grade frontal, que vem causando polêmica em fóruns automotivos e comentários de usuários em redes sociais. É o típico detalhe "ame ou odeie".

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