Paula Gama

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Donos de Corolla flex dizem que só abastecem com gasolina devido a defeito

Proprietários de Toyota Corolla e Corolla Cross relatam um problema em comum: dificuldade de dar partida ou falhas no motor, os famosos "engasgos". De acordo com os depoimentos, o problema acontece quando o veículo é abastecido com etanol, o que tem feito os motoristas de carro flex abastecerem exclusivamente com gasolina.

Os relatos nas redes sociais, em grupos de proprietários de Corolla, e no Reclame Aqui - site especializado em reclamações de consumidores - são sempre parecidos. O motorista percebe o defeito, vai até a concessionária e, lá, a equipe de pós-venda pode indicar dois caminhos: a limpeza dos bicos injetores de combustível, que custa em torno de R$ 1 mil, ou a substituição completa - serviço que pode chegar a R$ 10 mil. A justificativa é sempre a mesma: o uso de combustível de má qualidade.

"Comprei um Corolla 2023 com 9.600km, carro novo, mas depois que fiz a primeira revisão começou a dar muita dor de cabeça. O carro começou a apresentar problema na partida - às vezes a partida está prolongada e cheiro muito forte de combustível, e quando paro no sinal o carro está apresentando oscilação. Para minha surpresa, a concessionária achou o problema e falou que era os bicos injetores e que não tinha garantia porque a causa dos bicos estarem assim é que eu havia abastecido o veículo com combustível ruim", conta um dos proprietários.

O problema se tornou tão comum que, em meio de 2022, a Toyota emitiu um comunicado a todas as concessionárias informando que, "desde o lançamento dos motores 2.0 com injeção direta no Corolla 2020 estamos evoluindo na melhoria da peça e do diagnóstico dos sintomas relacionados a injeção desta motorização para melhor atender ao mercado brasileiro". O documento diz, ainda, que as novas peças ficaram disponíveis para reparo a partir de setembro de 2021 e passaram a ser implementadas na linha de produção do Corolla e Corolla Cross a partir de janeiro de 2022.

Por fim, a marca de que "através do acompanhamento do diagnóstico, foi confirmado em alguns casos que a qualidade do combustível presente no veículo era o causador do sintoma", deixando subentendido que esse não era o causador do problema em 100% dos defeitos.

Questionado pelo UOL Carros, a Toyota disse que identificou que os casos que foram reportados estão relacionados com a qualidade do combustível utilizado. "Os clientes que nos contataram foram prontamente atendidos."

Etanol como vilão

De acordo com André De Maria, engenheiro mecânico proprietário da AutoCentro Confiar, sempre que se fala em problemas em bicos e outros componentes da injeção, o primeiro passo é desconfiar da qualidade do combustível.

"O bico tem baixa resistência mecânica, ele foi projetado para um determinado comportamento, mas na prática não resiste ao combustível do jeito que ele realmente é. Não é o combustível que é inadequado, o bico que não tem resistência física e mecânica contra o álcool", relata.

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O engenheiro reforça que o problema é muito mais comum com álcool do que com gasolina.

"Dois ou três tanques de etanol são suficientes para detonar o sistema", alerta, explicando que muitos veículos começam a falhar poucos dias após serem retirados da concessionária, por causa do uso do etanol.

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