Paula Gama

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Qual é segredo? Por que Fiat Titano é tão mais barata do que a concorrência

A Fiat finalmente lançou a sua primeira picape média no Brasil.

A Titano tem como seu principal destaque o preço, já que suas três versões - sempre com cabine dupla - variam de R$ 219.990 a R$ 259.990, enquanto suas rivais, como Toyota Hilux e Ford Ranger, até partem de valor aproximado, mas podem chegar a mais de R$ 330 mil nas versões topo de linha e até R$ 448 mil, como é o caso da esportiva Ranger Raptor. Afinal, qual o segredo da Fiat para compor o preço enxuto?

Para começar a entender essa composição, é preciso voltar ao início da história da picape. A Titano nada mais é do que um rebrand da Peugeot Landtrek, cujo lançamento começou a ser ventilado na imprensa brasileira em 2020, antes mesmo da fusão da PSA (antigo grupo formado por Peugeot e Citroën) com a FCA (composta por marcas como Fiat, Jeep e Ram). A picape nasceu de uma parceria da então PSA com a marca chinesa Changan e foi lançada na China como Kaicene F70.

Devido ao sucesso da Fiat com as picapes compactas monobloco Strada e Toro, o grupo Stellantis decidiu que a marca italiana teria mais espaço para uma picape média no Brasil do que a Peugeot - que já fracassou com o lançamento de um veículo com caçamba no passado, a Hoggar. A adaptação para mercado brasileiro foi simples: basicamente, trocaram os logotipos da Peugeot pelos da Fiat e utilizaram o motor 2.2 turbodiesel que equipa o furgão Ducato, adaptado para render 180 cv e importado da França.

Essa trajetória da Kaicene até se tornar a Titano já revela uma das razões que contribuem para o preço: trata-se de um modelo que, apesar do facelift recente, já tem cinco anos de mercado. Isso a torna uma picape "envelhecida" em relação às principais concorrentes. Para se ter uma ideia, a direção é hidráulica, e não elétrica, e quase não há equipamentos de auxílio à condução, como frenagem automática de emergência, alerta de tráfego cruzado, faróis adaptativos, correção de saída de faixa, dentre outros equipamentos presentes nas versões mais equipadas das concorrentes.

As teclas do painel seguem a identidade da Peugeot, não da Fiat
As teclas do painel seguem a identidade da Peugeot, não da Fiat Imagem: Divulgação

Essa adaptação simplificada exigiu menos investimento da Fiat do que uma atualização de toda a picape, possibilitando um preço menor.

Outro segredo para o baixo custo é a sua produção. A maior parte dos componentes da Titano sai da China, onde a fabricação de peças é mais barata, e é enviada para finalização no Uruguai no esquema CKD, com peças importadas, na fábrica da Nordex, terceirizada pela Stellantis. Como o país vizinho faz parte do Mercosul, não há imposto de importação do veículo final.

A Fiat Titano traz preços competitivos e é a picape média mais barata da atualidade com cabine dupla, tração 4x4 e motor turbodiesel.

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De acordo com a análise do jornalista de UOL Carros Alessandro Reis, que avaliou a picape em diferentes terrenos, ela tem a seu favor a robusta rede de 520 concessionárias Fiat e a tradição da marca no mercado de picapes. Contudo, vários detalhes evidenciam seu projeto mais antigo, como a ausência de itens tecnológicos e a dirigibilidade menos refinada. Não é o melhor produto da sua categoria, mas seu desempenho no mercado dependerá muito da estratégia da Fiat, como política de descontos e pós-vendas.

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