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Paula Gama

REPORTAGEM

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Golpe do Renavam: como bandidos têm enganado proprietários de veículos

É preciso ter confiança na idoneidade das pessoas que têm acesso ao documento do seu carro - Reprodução
É preciso ter confiança na idoneidade das pessoas que têm acesso ao documento do seu carro Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

08/02/2023 04h00

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Apesar de a internet facilitar as relações de consumo, também é um prato cheio para a ação de golpistas.

Há quadrilhas especializadas em golpes durante o processo de compra e venda de um veículo online, e uma das armadilhas é aplicada justamente em quem, em tese, sente-se mais seguro na transação: o vendedor.

No golpe do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), número de identificação do veículo que o seguirá durante toda a sua vida útil, os criminosos se passam por pessoas interessadas em comprar um determinado veículo.

Os bandidos iniciam conversas com anunciantes individuais e pedem o número da placa - se já não estiver exposto na foto - e do Renavam, com o argumento de que vão consultar eventuais débitos ou pendências vinculadas àquele veículo.

A partir daí, conseguem mais informações sobre o proprietário, podendo aplicar inúmeros tipos de golpes e até clonar o carro.

Segundo o Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), antes de comprar um carro usado, realmente é importante fazer uma consulta sobre possíveis débitos, bloqueios, restrições e histórico de vistorias do veículo no site do órgão.

Para isso, é necessário inserir a placa e o número do Renavam. No entanto, é importante saber quem está recebendo esses dados, pois podem ser criminosos com segundas intenções.

O departamento explica que é ainda mais perigoso compartilhar o número do chassi.

"Não é necessário informar a identificação do chassi, uma vez que, além de não ser uma informação essencial para conclusão da negociação, ainda pode ser utilizada em veículos clonados, normalmente frutos de roubo e/ou furto".

Renavam dá acesso a outras informações

Marco Vieira, advogado membro da Câmara Temática de Esforço Legal do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), explica que o código Renavam é considerado o número de identidade do veículo. Ele o acompanha da fabricação até a baixa definitiva.

Além de informações como placa de identificação, cor, marca, modelo, chassi, débitos e restrições, é possível saber todo histórico do veículo a partir desse número. Como todo documento, não é recomendável que pessoas estranhas tenham acesso a tais dados" Marco Fabrício Vieira, do Contran

Vieira acrescenta que a posse das informações da placa de identificação veicular e do Renavam por criminosos pode acarretar sérios danos ao proprietário.

"Existem quadrilhas especializadas em fraude documental. A placa e/ou o veículo são clonados a partir de informações e dados de um automóvel regular em circulação. Com isso, a vítima pode sofrer danos, como multas, suspensão do direito de dirigir e até cassação da CNH", alerta.

Rodrigo Boutti, gerente de operações da Ituran, empresa de rastreamento de veículos, explica que, de posse do Renavam, os bandidos ganham espaço para aplicar variados tipos de golpes.

Nesse caso, a pessoa de má-fé que estava "interessada" no carro diz que desistiu por algum motivo, ou simplesmente some. Dias depois, o proprietário do carro recebe contatos de outros números, de alguém se passando por funcionário de bancos e outras instituições, pois terá uma boa base de dados sobre o carro e seu proprietário.

"Quanto mais informação o criminoso tiver sobre você, mais ele ganha sua confiança, pois pode confirmar dados ao aplicar um golpe, passando mais seriedade. Com o número do Renavam, é possível pegar informações sobre o proprietário nos sites oficiais", explica.

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