Lula não usa carros blindados que Bolsonaro adquiriu por R$ 5,8 milhões

Após desfilar no Rolls-Royce Silver Wraith, tradicional carro da posse do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua equipe de segurança têm à disposição outros veículos bem mais discretos para circular por Brasília (DF).

O novo chefe do Poder Executivo "herdou" da gestão anterior, comandada por Jair Bolsonaro (PL), uma remodelada frota de veículos blindados adquirida durante a gestão do agora ex-presidente.

Contudo, Lula não tem usado esses veículos neste início de governo.

Bolsonaro renovou frota presidencial

Nos seus primeiros meses de presidência, ainda em 2019, a gestão Bolsonaro desembolsou, via licitação, R$ 5,8 milhões na compra de 30 carros novos cujo modelo hoje já saiu de linha no Brasil. Trata-se do Ford Fusion Titanium AWD Ecoboost - versão mais equipada então disponível..

O Fusion é equipado com motor 2.0 turbo de 248 cv e traz blindagem de nível III-A - padrão no mercado nacional, capaz de resistir a disparos de pistolas e até submetralhadoras.

Os veículos atendem a especificações técnicas de potência, torque, tração, cilindrada, freios e manobrabilidade.

Além disso, têm proteção frontal, luzes intermitentes e rotativas, pneus à prova de tiro, suportes para armamento e munição e alarme sonoro. Também são preparados para carregar equipamentos eletrônicos de detecção, varredura e monitoramento, GPS, rádio transceptor, armamento e munições letais e não letais.

Todos os Fusion são idênticos, de forma a dificultar a identificação de quais deles estão transportando as autoridades e seus parentes durante os deslocamentos da comitiva.

As informações referentes à frota de blindados adquirida pelo ex-presidente constavam de edital aberto em agosto de 2020 pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República para a contratação de seguro total dos veículos - incluindo a respectiva blindagem.

O edital também informava que cada sedã traz equipamentos de sinalização visual e sonora e esclarecia que os veículos serviriam para atender o presidente e o vice-presidente da República, bem como seus respectivos familiares.

O que diz governo Lula

UOL Carros procurou a Casa Civil para saber o estado dos carros da gestão Bolsonaro e porque eles não têm sido utilizados por Lula, que tem rodado com uma frota de veículos Mitsubishi Outlander.

Por meo da pasta, o Governo Federal respondeu que, por questão de segurança, não é possível o envio de informações sobre os veículos utilizados para o deslocamento do presidente e da equipe que o acompanha.

O Mitsubishi Outlander, modelo de SUV utilizado por Lula, saiu de linha no fim de 2022, quando era vendido por cerca de R$ 300 mil.

Os carros usados pelo atual presidente também contam, a exemplo da frota de Fusion, com vidros escuros e equipamento giroflex.

Os seis Outlander já foram utilizados pela comitiva de Lula em eventos em Brasília, durante a cerimônia de posse e até mesmo em Santos (SP), durante a passagem do presidente pelo enterro de Pelé.

Um assessor confirmou que os modelos fazem parte da frota de carros oficiais do Executivo, mas não são, necessariamente, patrimônio da Presidência.

Comodato

Em seus mandatos anteriores à frente do Executivo, Lula manteve na frota presidencial carros em regime de comodato - uma espécie de empréstimo que as montadoras fazem para autoridades outras figuras públicas.

Em 2004, durante seu primeiro mandato como presidente, Lula começou a usar o modelo Chevrolet Omega, cedido pela General Motors.

Na época, os carros receberam equipamentos especiais de segurança, como blindagem, película escura nos vidros e travas especiais para janelas e portas.

Em 2008, o então presidente recebeu outro empréstimo: quatro exemplares do Ford Fusion.

Esses veículos não substituíram a frota de Ômega, apenas a incrementaram.

Em 2010, durante visita ao Salão do Automóvel de São Paulo, Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, novamente em comodato, um Fusion Híbrido, que era a grande novidade no momento e custava mais de R$ 130 mil.

A prática era vantajosa para as montadoras, pois os veículos ficavam em evidência e eram frequentemente fotografados pela imprensa.

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* Colaborou Alessandro Reis, do UOL