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Por que Volks coloca o Brasil 'no fim da fila' de seus carros elétricos
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A comemoração de 70 anos da Volkswagen do Brasil trouxe para o Brasil enorme comitiva da Alemanha. Integrantes da alta direção da matriz participaram com entusiasmo da grande festa organizada para mais de 5 mil pessoas no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Inclusive o CEO, Thomas Schäfer, que encontrou tempo para uma breve conversa de quase uma hora com poucos representantes da imprensa do Brasil, da Argentina, da Europa e dos Estados Unidos, que prestigiaram as comemorações da primeira operação da VW fora da Alemanha.
Nesta entrevista, que ocorreu horas antes da festa de 70 anos, na segunda-feira, 3, notou-se que a maior montadora da Europa entende que neste momento a transição para a mobilidade limpa permite apostas em todas as opções disponíveis, mesmo considerando que no futuro deva prevalecer a tecnologia definida para os grandes mercados.
"Na China, na Europa e nos Estados Unidos a descarbonização será por meio dos veículos elétricos. Este será o futuro de todos nós. Eventualmente faremos investimentos em outras tecnologias como os híbridos".
Sobre a possibilidade de utilizar biocombustíveis como alternativa à eletrificação pura movida por matriz energética obtida a partir de combustíveis fósseis, como ocorre sobretudo na Europa e na China, Schäfer descartou veementemente a hipótese: "Não é possível ter escala suficiente de biocombustíveis, qualquer um, capaz de atender à demanda global".
Porém no Brasil e na América do Sul essa opção sustentará a indústria automotiva por um período de transição até que esses mercados estejam totalmente preparados para o veículo 100% elétrico. O executivo argumentou que o Brasil pode ter um papel relevante nesse processo porque tem capacidade técnica para desenvolver tecnologias e "exportar esse conhecimento para outras regiões e mercados importantes para nós, como a África do Sul".
Sem políticas que ofereçam uma diretriz para a eletrificação da mobilidade não haverá avanços nem mesmo nas regiões que mais necessitam reduzir a pegada de carbono, segundo Schäfer. O executivo, que completou um ano na liderança da Volkswagen em 1º de julho, citou os casos da Alemanha e da Itália, que decidiram adiar a exigência de modelos 100% elétricos a partir de 2030, causando um momentâneo desinteresse do consumidor por esses veículos:
"Tivemos que diminuir a produção dos elétricos. Políticas são necessárias porque o processo de eletrificação ainda não está completo em todos os países. Mesmo assim continuaremos a atender as necessidades destes mercados".
70 anos de Brasil
Fazendo um balanço dessas sete décadas a Volkswagen acredita que teve momentos de "luzes e sombras" no Brasil, e na região. A definição foi de Alexander Seitz, CEO da Volkswagen na América Latina: "Tivemos grandes momentos de nossa história aqui. A primeira fábrica fora da Alemanha, o Fusca, a Kombi, o Gol. São 70 anos de presença no Brasil e 50 na Argentina".
Schäfer comemorou o ótimo trabalho dos últimos três anos na região, quando não apenas a operação no Brasil mas, na América Latina, geraram rentabilidade para a matriz: "E continuaremos buscando rentabilidade e melhores resultados com nossa estratégia de investimentos em produtos e na satisfação do cliente".
A expectativa é que Volkswagen acompanhe dois terços das fabricantes nacionais e anuncie em breve sua tecnologia de propulsão híbrida. Ou híbrida flex. Seitz é um defensor dessa opção para mercados emergentes e acredita que está próximo o alinhamento dos custos de produção para obter escala capaz de justificar o lançamento no mercado nacional.
Schäfer argumentou que esta deve ser a rota porque o mercado local é muito pequeno para remunerar investimentos na produção de modelos 100% elétricos: "Teremos que utilizar tecnologias como o flex e o híbrido para esta passagem até que toda a infraestrutura para a mobilidade elétrica esteja madura".
Além da bonita festa para colaboradores, parceiros, concessionários e imprensa a novidade foi o anúncio da importação da ID.Buzz, que chamam de a Kombi elétrica. Serão apenas setenta unidades. Mas já é um começo.
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