Dignas de House: veja 10 condições médicas difíceis de serem diagnosticadas

Algumas doenças são fáceis de serem descobertas, outras nem tanto, e as consequências de um diagnóstico tardio é que ele pode tornar a condição crônica ou potencializar seus riscos.

Além disso, o paciente acaba sofrendo bastante, tanto física quanto emocionalmente, por não saber o que tem e se ver perdido quanto a que médicos deve consultar e quais tratamentos seguir.

  • Quando uma doença se torna difícil de ser diagnosticada é porque:
  • Seus sintomas podem ser compartilhados por outras condições, mais comuns;
  • Faltam maiores estudos e conhecimento médico-científico a seu respeito;
  • Sua apresentação ocorre de forma atípica em determinados pacientes;
  • Exames médicos convencionais são incapazes de detectar sua causa.

Portanto, para te ajudar, conheça uma lista de condições que se enquadram nesse perfil:

1. Síndrome do intestino irritável

Provoca dores na região da barriga e mudanças na frequência evacuatória e consistência das fezes por, pelo menos, três meses seguidos. As causas ainda são discutidas e para se chegar ao diagnóstico é preciso avaliar níveis de estresse, intolerância à lactose, doença celíaca, infecção bacteriana, presença de parasitas intestinais e descartar diverticulite, colite e câncer intestinal.

Não há cura para a síndrome do intestino irritável, mas tratamentos para os sintomas, o que inclui mudança alimentar (identificar e evitar o que causa distensão, flatulência, constipação, diarreia), uso de probióticos para normalizar a flora intestinal e remédios contra cólicas e gases.

2. Hérnia inguinal oculta

Também conhecida por hérnia do esporte/atleta, não é propriamente uma hérnia, mas micro lesões ou abaulamento nos tecidos da virilha (inguinal) e do baixo abdome que geram dor crônica, ardência, pressão, peso e que pode se estender para períneo, testículos (no homem) e grandes lábios (na mulher). Os sintomas pioram com bexiga cheia, sexo e esforço físico.

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Ultrassonografia e exame físico da região inguinal é fundamental na avaliação, bem como ressonância magnética do púbis e pelve. O tratamento conservador envolve repouso, anti-inflamatórios, analgésicos e fisioterapia. Quando não resolve, é indicada cirurgia de reparo.

3. Fibromialgia

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É uma síndrome que ocasiona dor por todo o corpo, além de cansaço, depressão, ansiedade e alterações intestinais e de sono. Não é totalmente compreendida, mas é sabido que a pessoa com essa condição possui maior sensibilidade à dor, devido a uma hiperexcitação do sistema nervoso, que reage de forma muito mais intensa a qualquer mínimo estímulo na musculatura.

O diagnóstico é baseado em entrevista com paciente e exame físico, após excluídas outras causas. Já o tratamento deve ser multidisciplinar, com uso de medicamentos, atividade física regular, mas não extenuante, psicoterapia, redução de estresse e massagens corporais.

4. Alterações na tireoide

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Nem sempre ganho de peso tem a ver com má alimentação e nem sempre alteração de humor (estresse, ansiedade, depressão) com conflitos internos. A causa desses sintomas, como ainda de taquicardia, sudorese, queda de cabelo, insônia, podem ocorrer por mau funcionamento da glândula tireoide, responsável pela liberação de hormônios que regulam o metabolismo.

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Para saber se trata de hipotireoidismo ou hipertireoidismo (o primeiro, quando há um grau de insuficiência na produção de hormônios e o segundo, o inverso) é necessário realizar exames de sangue e depois tratar com medicamentos para regularizar hormônios e estabilizar humor.

5. Endometriose

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O quadro, que consiste no crescimento do endométrio, tecido que reveste o útero da mulher fora dele, pode ser confundido com cisto ovariano, síndrome do intestino irritável, dor pélvica por prática de atividades intensas e infecção urinária. Os sintomas também atrapalham, pois incluem cólica menstrual intensa, dor durante sexo, evacuar e urinar, e dificuldade para engravidar.

Para averiguar a presença de endometriose, o médico requer visualizar internamente o local da dor por via laparoscópica e, às vezes, realizar biópsia. Em caso positivo, o tratamento pode ser medicamentoso (analgésicos, contraceptivos hormonais) e, em casos mais graves, cirúrgico.

6. Apneia do sono

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Costuma ser confundida com um simples ronco, ou desvio de septo, inchaço de amígdalas e adenoides, mas na verdade é uma condição bem mais complexa, que dificulta a passagem do ar para os pulmões, podendo até interromper com a respiração por alguns segundos. As causas em geral são múltiplas, como essas citadas, mais sobrepeso, faringe estreita e céu da boca mole.

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O diagnóstico é obtido em conversa, exame físico e teste de registro do sono (polissonografia). Já o tratamento pode envolver fonoaudiólogo e especialista em sono, para ensinar técnicas de respiração e uso de aparelho intraoral, e cirurgião, quando vale corrigir alterações anatômicas.

7. Lúpus

Hanseníase, hepatite C, rubéola, essas são algumas das condições cujos sintomas são muito parecidos com os de lúpus, que é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune. Suas manifestações podem variar de manchas na pele, principalmente em áreas expostas, a acometimento de órgãos, febre, perda de apetite e peso, fraqueza e dor nas articulações.

Exames laboratoriais, de sangue, urina, fator ou anticorpo antinuclear (FAN) são úteis para o diagnóstico da doença, assim como para saber se ela está em sua fase ativa. O tratamento é feito com remédios para regular as alterações imunológicas e para controlar inflamações e dores.

8. Pedra na vesícula

Quando a bile, líquido produzido pelo fígado e atuante na digestão de gorduras no intestino, endurece, surgem as pedras —ou cálculos—, que podem causar uma inflamação na vesícula (colecistite). Porém, essa condição, pode causar dor na "boca" do estômago e duodeno, como irradiar para ombro, costelas e vir acompanhada de febre, diarreia, estufamento e vômitos.

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Ultrassonografia e tomografia podem visualizar pedras maiores, mas não as muito pequenas. Nesse caso, há indicação de uma ecoendoscopia alta, exame que combina endoscopia digestiva com ultrassom e produz imagens em alta resolução. O tratamento costuma ser cirúrgico.

9. Neuralgia

Fatores emocionais, compressão por ossos e músculos, infecções (como herpes zoster, HIV, sífilis), traumas (incluindo cirurgia), diabetes, é longa a lista do que pode fazer a dor nos nervos aparecer. A depender da área do corpo, são relatados sintomas como choque, dormência, formigamento e queimação. É uma doença que pode ser aguda, ter crises ou tornar-se crônica.

Relatos e exames de imagem ajudam a excluir outras causas, até se chegar ao diagnóstico. É possível tratar e aliviar os sintomas com fisioterapia, medicamentos anticonvulsionantes, bloqueios anestésicos do nervo e, em alguns casos, quando a dor não melhora, cirurgia.

10. Esclerose múltipla

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Pela similaridade com a fibromialgia e a miastenia gravis (doença crônica autoimune) em termos de sintomas, que também são bem comuns (fadiga, falta de força, dificuldade para falar, visão dupla, tontura), essa doença neuromuscular pode demorar para ser detectada. Além disso, ela pode atingir qualquer parte do corpo e ter períodos de crise de sintomas.

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A confirmação é feita após análise do histórico clínico do paciente, exame físico de reflexos, força, coordenação, equilíbrio e exames, como de imagem e sangue, e punção de líquido espinhal. Não há cura, mas fisioterapia, medicamentos e cirurgia podem atenuar os sintomas.

Fontes: Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra, associado da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia); Júlio Barbosa, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião; Maria Fernanda Barca, endocrinologista pela Faculdade de Medicina da USP; Natan Chehter, geriatra membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia); e Vanessa Prado, cirurgiã do aparelho digestivo do Hospital Nove de Julho (SP).

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