Meu filho diz que se sente ansioso; uso do celular pode ter a ver com isso?

Pode. De acordo com a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), o uso excessivo de smartphones e outros aparelhos eletrônicos pode ter riscos negativos no sono e na regulação do humor.

Além disso, em se tratando de crianças, é preciso ficar atento principalmente em relação ao que elas estão acessando, como jogos ou vídeos com conteúdo inadequado para a idade. Alguns temas podem estar relacionados a comportamentos ansiosos, como:

Agitação;

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Já com os adolescentes, o conteúdo também importa, mas outras questões passam a fazer parte desse universo. Tudo acontece muito rápido no mundo online, e o Fomo, sigla para fear of missing out, ou medo de estar perdendo algo, passa a ser uma realidade entre os jovens. Esse é um exemplo de situação que leva a uma necessidade de ficar conectado ou de ficar acessando com muita frequência redes sociais, podendo gerar ansiedade.

Mas esse não é o único sintoma que o uso excessivo de tecnologia pode causar. Evidências científicas e a SBP apontam outros problemas, como:

Diminuição ou dificuldade de interação social;

Alterações alimentares;

Diminuição da prática de atividades físicas;

Redução do rendimento escolar;

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Falta de atenção e concentração;

Problemas visuais e auditivos.

O que fazer?

Se a criança não estiver acessando conteúdo inadequado, o próximo passo é analisar o tempo de uso do aparelho. Caso o período com o celular estiver tirando tempo de outras atividades importantes para o desenvolvimento adequado do pequeno, é interessante rever esse processo.

A criança deve ter tempo para estar com a família e os amigos, praticar esportes, estudar, dormir e brincar off-line. Essas atividades não só favorecem um desenvolvimento neuropsicomotor adequado, mas também estão associadas a uma vida mais saudável.

De acordo com a SBP, o tempo indicado para cada faixa etária usar o celular e outros aparelhos eletrônicos é:

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Menores de 2 anos: evitar o uso, mesmo que passivamente;

Entre 2 e 5 anos: no máximo uma hora por dia, sempre com supervisão de adultos;

Entre 6 e 10 anos: no máximo de 1 a 2 horas por dia, com o olhar atento dos responsáveis;

Entre 11 e 18 anos: limitar o tempo entre 2 a 3 horas por dia, e nunca deixar o adolescente passar a noite toda em jogos eletrônicos.

Caso seu filho esteja de fato muitas horas usando o celular ou algum outro aparelho eletrônico, e isso esteja causando ansiedade, confira um passo a passo para conseguir reduzir esse período:

Ofereça e estimule outras atividades: como praticar esportes, jogar jogos de cartas ou de tabuleiro, tocar algum instrumento musical, fazer artesanato. Valorize essas atividades e, sempre que possível, participe delas com seu filho.

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Evite dar o celular em momentos de frustração: isso faz com que a criança aprenda a precisar do aparelho para lidar com situações adversas, ao invés de usá-lo apenas de forma recreativa e educativa. Tolerar a frustração é um aprendizado fundamental para a vida. Isso não quer dizer que você não possa fazer nada —ofereça um abraço, diga ao seu filho que você compreende a chateação dele, ajude-o a pensar como poderia ser menos difícil passar pelo que está passando.

Evite dar o celular como forma de recompensa: isso dá um destaque desnecessário ao eletrônico, que pode ir ganhando cada vez mais importância na vida do pequeno. Ao invés disso, ofereça um momento especial junto com seu filho, como assistir com ele àquele filme que ele tanto queria ver.

Dê o exemplo: note o tempo que você mesmo passa usando aparelhos eletrônicos e dê o exemplo de um uso moderado, positivo e saudável

Vale lembrar que não podemos achar que o uso dos celulares e eletrônicos é algo totalmente inapropriado. Isso porque, além de ser um caminho sem volta, utilizar os aparelhos pode ser realmente bom. Basta usá-los de forma moderada, preservando as demais atividades importantes para a saúde física e mental e sob um olhar atento e interessado dos pais.

Fontes: Laura Moreira, médica especialista em psicoterapia de crianças, adolescentes e adultos pelo Centro de Estudos Luís Guedes e membro do GEAT (Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas), com ênfase na prevenção do uso problemático das tecnologias e autora do livro Crianças Bem Conectadas (Editora Maquinaria); Yadja Gonçalves, psicóloga da enfermaria da pediatria do HUWC (Hospital Universitário Walter Cantídio) da UFC (Universidade Federal do Ceará), vinculado a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

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