Refrigerante, óleo, sal grosso: o que você nunca deve usar para se bronzear
Você tem costume de fazer experimentações caseiras com a própria pele, como substituir o bronzeador por óleo de cozinha, refrigerante ou até mesmo combustíveis? Pois é bom parar já, pois essas "modas", que volta e meia retornam, passam por atualizações e são divulgadas nas redes sociais, causam graves prejuízos à saúde. A seguir, veja uma lista do que passar longe:
Refrigerante de cola
A prática de se utilizar refrigerante de cola na pele remonta aos anos 1960 e 1970. Supunha-se que a tonalidade da bebida, escura, puxada para o caramelo, poderia se firmar no corpo com uma prolongada exposição ao sol.
Mas hoje sabe-se que esse refrigerante, devido a sua acidez característica, pode gerar na cútis inflamação, descamações e deixar marcas irreversíveis.
Óleos de cozinha, coco e azeite
Quer fritar a pele? Pois é isso o que acontece ao se besuntar de óleo e tomar sol. Seja qual for o tipo, o resultado são queimaduras graves, além de cicatrizes, manchas e até dermatite de contato.
O óleo de coco também não é bem-vindo na pele já queimada, pois por ser gorduroso e espesso, retém o calor na superfície dela, mantendo-a quente, vermelha e piora o quadro.
Água oxigenada
A promessa de uma pele e pelos dourados com peróxido de hidrogênio (H2O2), como é chamado quimicamente esse produto descolorante, pode render, de novo, queimaduras e manchas dérmicas. Os danos, além de possíveis reações irritativas e ulcerações, variam de gravidade a depender da concentração e quantidade do produto e tempo de exposição ao sol.
Sal grosso
Outro mito popular é achar que a água salgada do mar bronzeia, por isso, estando longe dela, valeria misturar sal grosso com água, como de piscina, para acelerar o processo de bronzeado da pele. Só que não é a melhor solução. Pelo contrário, o sal grosso sobre a pele tem efeito abrasivo, desidrata e queima. Junto com cloro de piscina e sol intenso, o estrago é bem pior.
Manteiga
Pode ser muito boa para ser saboreada no pão, mas na pele pode causar malefícios, ainda mais sob o sol. A manteiga quando quente, assim como os óleos usados em outras receitas caseiras para bronzeado, causa queimaduras, que também não são aliviadas por ela. Aplicar manteiga em uma pele "tostada" impede a saída do calor local e facilita o risco de infecções.
Frutas cítricas
Boas somente para fazer suco, pois laranja e limão combinados ao sol facilitam uma condição chamada fitofotodermatose. Em outras palavras, uma lesão avermelhada, eventualmente com bolhas, que ocorre pela combinação entre uma fruta fotossensibilizante e exposição à radiação solar. Portanto, evite esse tipo de contato e, se ocorrer, lave a área com água corrente e sabão.
Chá de folha de figo
É um dos bronzeadores caseiros que mais causam internação hospitalar por queimaduras de terceiro grau e danos à pele, segundo um artigo publicado em 2016 na Revista Brasileira de Queimaduras. De acordo com a publicação, a maioria dos atendimentos se dá no verão, em pacientes jovens do sexo feminino, com, em média, 30% da superfície corporal queimada.
Fitas adesivas
Essa tendência se fortaleceu com o bronzeamento feito nas lajes de casa e consiste em aplicar sobre a pele fitas isolantes e esparadrapos para criar nela marquinhas parecidas com as de biquíni. Porém esses materiais submetidos ao calor intenso podem facilitar dermatite de contato alérgica e até o descolamento da pele sensibilizada durante a remoção dos adesivos.
Parafina
Igualmente contraindicada, pois, por se tratar de um produto que acelera o bronzeamento, aumenta o risco de queimaduras e danos permanentes. A pele de crianças e adolescentes, pessoas com histórico familiar e/ou com câncer de pele ou que tenham qualquer alteração cutânea desencadeada pelo sol, como rosácea, melasma e lúpus deve ser preservada.
Combustível de aviação
Uma das piores escolhas possíveis para um bronzeador caseiro, o combustível de aeronaves borrifado sobre a pele pode causar ardor, lesões, febre alta, intoxicação, câncer e até risco de morte. Na literatura médica, há relatos de vítimas que precisaram, após internação, fazer tratamento contínuo e usar roupa própria para não pegar sol nem luz muito forte por um ano.
É possível um bronzeado bonito e saudável?
Em uníssono, os médicos afirmam que não há formas seguras de se bronzear e reprovam o uso de qualquer substância que não seja certificada. Indicam evitar a radiação ultravioleta, o principal fator para o câncer de pele e cujo dano é cumulativo e irreversível na fase tardia.
Se quiser aplicar bronzeador, use o protetor solar junto. É que o bronzeador, ao contrário do protetor solar, que deve ter no mínimo fator de proteção 30, não protege a pele dos danos causados pelos raios UVA e UVB. O fator de proteção deles é baixo e ineficaz.
A exposição solar deve ocorrer com cautela, proteção e de forma gradual, preferencialmente, antes das 10h e após as 16h, períodos menos perigosos. Além do protetor, capriche ainda na ingestão de água, hidratação da pele, dieta balanceada e leve, óculos de sol e chapéu ou boné.
Consumir alimentos como cenoura, mamão, beterraba, ricos em betacaroteno, provitamina que estimula a produção de melanina, pigmento que dá a tonalidade da pele, pode ajudar a adquirir uma coloração dourada e bonita no verão, mas em excesso ela pode amarelar.
Fontes: Caio Lamunier, dermatologista do Hospital das Clínicas de São Paulo; Camila Catizani, especialista em dermatologia e professora na Ipemed-Afya, de Manaus (AM); Débora Palos, nutricionista pós-graduada pela VP Consultoria e da Clínica Dra. Maria Fernanda Barca (SP); e Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra membro da AAP (Academia Americana de Pediatria).
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