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Quando é normal sentir dor ou ter sangramento no sexo e quando não é?

Dor no sexo e sangramento: quando é normal e quando não é? - iStock
Dor no sexo e sangramento: quando é normal e quando não é? Imagem: iStock

Carol Firmino

Colaboração para VivaBem

06/01/2023 04h00

Geralmente, sentir dor ou ter sangramento no sexo é um sinal de alerta para homens e mulheres. Esses dois sintomas podem aparecer na vida íntima de alguns casais, provocando desconforto e preocupação.

No caso da mulher, é importante explicar que a dor não compromete apenas a vida sexual, mas toda a sua rotina, visto que impede qualquer tipo de penetração, inclusive as necessárias na realização de exames ginecológicos.

A dispareunia, como é chamada, pode ser classificada em dois tipos:

  • superficial: quando ocorre ao redor da abertura da vagina, em especial no momento da penetração;
  • profunda: sentida dentro da pelve, quando acontece movimento peniano.

Apesar de não ser "normal" sentir dores ou sangrar durante o sexo, nem sempre isso vai significar algo grave, principalmente se for algo discreto e momentâneo.

Possíveis causas de sentir dor ou ter sangramento no sexo

Ginecologistas apontam que no início da vida sexual é comum que haja algum incômodo ou sangramento durante ou após a penetração, daí a importância do autoconhecimento da genitália feminina.

O próprio sangue também pode ser decorrente dos pequenos traumas sofridos pela vagina durante o sexo ou até mesmo um "anúncio" de que a menstruação está para vir, com pequenos escapes.

Mas como os especialistas explicam a dor ou o sangramento quando ele se torna recorrente? Conheça alguns:

  • Endometriose

A dispareunia pode ser um sintoma de uma endometriose mais grave e que compromete o fundo da vagina. O sangramento não é muito comum, mas as relações durante o período menstrual se tornam mais dolorosas em quem tem o problema.

Para tratar: o ginecologista pode indicar o uso de anticoncepcionais, DIU Mirena, anti-inflamatórios para aliviar as cólicas ou, nos casos mais graves, cirurgia.

  • Candidíase

Ela é causada por um fungo, o mesmo que provoca assaduras em nenéns, mas é o corrimento mais comum e está relacionado com o desequilíbrio da flora vaginal. Por resultar em intensa irritação de toda a mucosa vaginal e da vulva, com vermelhidão, coceira e corrimento branco que lembra a nata, a situação deixa a penetração incômoda e pode causar dor ou sangramento.

Para tratar: usa-se antifúngicos na forma de pomadas ou comprimidos, como miconazol, fluconazol ou itraconazol, por exemplo.

  • Vaginismo

É a contração involuntária dos músculos pélvicos e do início do canal vaginal, que causam dor e até impedem a penetração. O vaginismo pode ser:

  • primário: quando há dor e impossibilidade de penetração desde a primeira tentativa de penetração;
  • secundário: quando a dificuldade de penetração se dá em mulheres que tinham relações sexuais com penetração, porém não conseguem mais ter.

As causas, geralmente, são emocionais, ligadas à ansiedade e ausência de educação sexual, alinhadas a conceitos errados sobre a sexualidade feminina e vivências traumáticas. Há também causas físicas, como anormalidades congênitas e lesões: atrofia vaginal, infecções, tumores, ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), congestão pélvica etc.

Para tratar: costuma-se recorrer a um acompanhamento multidisciplinar, com fisioterapia, terapia e medicações. O quadro, porém, ainda envolve bastante preconceito tanto no decorrer do diagnóstico quanto do tratamento.

  • Falta de lubrificação

É bastante comum e pode ocorrer em qualquer fase da vida da mulher, mas precisa de atenção. É muito comum após o parto, em situações de tratamentos oncológicos, como a radioterapia, de hormonioterapia e na menopausa.

Para tratar: hoje, há muitos medicamentos e lubrificantes que podem ser usados antes e durante as relações, além da laserterapia. Entre as causas de dispareunia, a falta de lubrificação é a de mais fácil solução.

  • Ectopia cervical

Sabe a tal ferida no colo do útero? Na verdade, ela nem é de fato um machucado, mas a presença do tecido colunar, que fica no interior do colo uterino

A ectopia pode aparecer com frequência e nem sempre representa um problema. Geralmente, também não há dor associada a ela, mas pode haver pequenos sangramentos durante ou após as relações sexuais.

Para tratar: deve ser realizado se houver algum sintoma associado e costuma-se fazer uma cauterização desse tecido ectópico.

  • Infecções sexualmente transmissíveis

Algumas infecções desse tipo podem ocasionar dor durante as relações e costuma vir acompanhada de corrimento vaginal. Aqui, cabe ressaltar que algumas ISTs são assintomáticas, por isso é tão importante fazer consultas e exames regulares, como o papanicolau.

Para tratar: não deixe de procurar um especialista, pois ele vai fazer o diagnóstico correto da doença e avaliar o melhor tratamento.

  • Câncer

É possível que o sangramento durante as relações seja um sintoma do câncer de colo de útero. Quando há sangue acompanhado de mau cheiro, é possível que a situação esteja avançada.

Para tratar: ginecologista e oncologista devem entender juntos as alternativas de tratamento.

Como dialogar com o parceiro caso a dor ou o sangramento se tornem recorrentes?

É ideal que, a qualquer sinal de dor ou sangramento durante a relação sexual, procure-se um ginecologista. Além disso, o autoconhecimento e o diálogo são muito importantes em uma avaliação inicial do que pode estar causando o problema, seja um(a) parceiro(a) fixo(a) ou não.

É possível que a dor se manifeste em posições variadas e seja apenas desconforto ou falta de lubrificação e, nesses casos, é imprescindível avisar o outro, e tentar o sexo em outras condições pode resolver. Mas, se o sangramento e a dor forem recorrentes, é indispensável buscar um médico.

Fontes: Beatriz Rocha, ginecologista, obstetra e vice-coordenadora da Maternidade do Hospital Vila da Serra (MG); Lilian Fiorelli, ginecologista especialista em sexualidade feminina e uroginecologia pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); e Roberta Grabert, ginecologista e obstetra formada pela FMUSP.